domingo, 22 de dezembro de 2013

Sense and Sensibility, Jane Austen





Foi por acaso que comecei a ler Jane Austen começando pelo primeiro romance. Desde aí, tornou-se uma das minhas autoras preferidas, pois com a sua invulgar ironia, dá a conhecer a classe média do seu tempo. Elinor e Marianne são tão diferentes que é surpreendente serem tão próximas. Por outro lado, o contraste acaba por estabelecer o equilíbrio entre elas. Neste primeiro romance, o contraste provoca desde logo uma certa empatia e comicidade, quanto mais não seja porque Elinor esconde os seus sentimentos por detrás do auto-controlo, o que pode ser tido como distanciamento, além de não se aperceber inicialmente de que é correspondida, ao passo que Marianne sente tudo de uma forma muito intensa, deixando-se enganar facilmente e aprendendo uma dura lição. As irmãs Dashwood representam o duelo razão / coração, que tantas vezes tem sido rebatido por outros autores. Por seu turno, personagens como John Dashwood, Mrs. John Dashwood, Mrs. Ferrars, etc. são personagens que representam, na minha opinião, o egoísmo, o preconceito e a avareza de uma burguesia que se julga demasiado importante e com direito a todos os luxos, cuja sede de poder, um tanto típica da época, se torna desconcertante. Mais chocante ainda é o carácter duvidoso de Willoughby, o típico caça-fortunas ganancioso que conscientemente descura as responsabilidades dos seus actos. Sem dúvida, uma das personagens mais desprezíveis que Austen criou, mas que reflecte muito bem certos aspectos da sociedade de então. Depois surgem também a iludida Mrs. Dashwood, a amável Mrs. Jennings, o pacífico Colonel Brandon, que vêm, por assim dizer, dar consistência ao enredo. Repleto de personagens cómicas, egoístas, benevolentes, e mesmo deploráveis, esta primeira obra de Austen pode não ser perfeita, mas é sem dúvida alguma, digna de qualquer um que aprecie uma boa história e um grande nome da literatura inglesa do século XIX.

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