terça-feira, 19 de março de 2013

Peter Pan, J. M. Barrie





Como não poderia deixar de ser, estava mais do que na altura de ler a obra original de uma das histórias que mais me fascinou enquanto criança. E digo, sinceramente, é extraordinária. A escrita de Barrie é simplesmente deliciosa e fácil de ler, sendo que o tema da infância o torna hilariante. É possível rir e exasperar com o Peter e a Tinker Bell, adorar a Wendy ou torcer o nariz com o Hook. Mas apesar disso, lembrar a importância da fantasia e do faz-de-conta enquanto criança. Sem dúvida, esta é uma das histórias que muito inspirou gerações e continua a inspirar, dos momentos de rir aos de suspense; mas conta já com tantas adaptações que por vezes a verdadeira origem fica um pouco esquecida, creio. No entanto, não é demais lembrar: leiam-no e divirtam-se, porque vale mesmo a pena!

O Meu Encontro Com a Vida, Cecelia Ahern





Mais uma vez não pude não devorar e surpreender-me com a obra de Cecelia Ahern. Com uma escrita leve e divertida, repleto de momentos hilariantes e outros que suscitam frustração, O Meu Encontro com a Vida garante um bom par de gargalhadas. Não só nos surpreende pelo incomum da situação, mas porque ninguém pode ficar indiferente à personalidade de Lucy. Quando a sua vida entra em descalabro total por causa das mentiras que Lucy conta a todos os que a rodeiam (e a ela própria) é, nem mais nem menos, a própria Vida que intervém. Para o comum mortal poderia não fazer qualquer sentido, mas a situação torna-se tão casual como tomar um café; assim que Lucy aceita a presença da Vida. A mensagem é simples de entender: só temos a perder quando negligenciamos a nossa vida e nos enganamos a nós próprios e, entre uma família um tanto ou quanto disfuncional e a estranha personagem que aparenta ser a vida, Lucy é, literalmente, arrastada para um verdadeiro duelo entre a verdade e a mentira, entre o certo e o errado. Este é mais um daqueles livros que não deve deixar de ser lido, por motivo algum!

Persuasion, Jane Austen





Para quem gosta de literatura do género, Jane Austen deve constar na lista. Com a escrita característica de uma das primeiras escritoras inglesas do século XIX, em Persuasion, Austen apresenta-nos a história de um romance que à partida parece não ter futuro. Acontece que Anne não se enquadra no género de jovem impulsiva; é ponderada, calma, mas um tanto ou quanto ignorada na própria família. O seu carácter passivo inspira empatia, mas é também algo exasperante, pois a mesma representa a filha obediente, que não contesta o que lhe é dito. Porém, é possível entender por que razão a protagonista age dessa forma, pois aquando do seu enlace com Frederick Wentworth, o mesmo não tinha quaisquer posses, o que pesava contra ele face ao julgamento de Sir Walter Elliot. E quando vê negado o consentimento paterno e a aprovação da grande amiga da sua mãe, Anne rompe o noivado com Frederick Wenthworth, um jovem sem conexões sociais e somente ele próprio como recomendação. Os dois reencontram-se ao fim oito anos, por força das circunstâncias, mas também aqui Austen parece conduzir os acontecimentos de modo a que os protagonistas se cruzem propositadamente, com algum constrangimento e falsas interpretações de ambas as partes. No entanto, a solidez dos equívocos prende-se sobretudo pelas posições e opiniões defendidas por personagens como a sensata Lady Russel, madrinha de Anne, a snobe Elisabeth Elliot e a caprichosa e infantil Mary Musgrove, os oportunistas Mrs. Clay e William Elliot, sobrinho e possível herdeiro de Sir Walter, o despreocupado Charles Musgrove e a jovem Louisa, etc. Além disso, tal como acontece nas anteriores, a obra culmina no casamento, sendo a maior ironia de todas, creio, o facto de somente no final Wentworth perceber que os sentimentos de Anne se haviam mantido inalterados todos aqueles anos. Mais uma vez o suspense da incerteza toca o lado sensível de leitor, se o mesmo estiver disposto a isso, mostrando que mesmo quando tudo parece perdido, há sempre motivo para ter esperança.

Little Women, Luisa M. Alcott





Este pequeno livro é sem dúvida uma das mais encantadoras obras da literatura americana do século XIX. Baseado na infância da autora, Little Women, conta a história das quatro irmãs March e o seu processo de transição da infância/juventude para idade adulta. Com uma escrita simples e por vezes ternurenta e divertida, outras trágica, Alcott apresenta-nos quatro personagens distintas: Meg, a mais velha e mais bonita, que encolhe os ombros à vaidade e ambição social, descobrindo plenitude no amor; Jo, a maria-rapaz que se volta impetuosamente para o consolo da escrita; a gentil Beth que rejeita os interesses materiais, preferindo  devotar-se à família, à alegria da música e a todos os que sofrem na vida; e Amy, a mais nova e imperfeita das irmãs March, que constantemente tenta superar o seu egoísmo e pretensões de menina, por mais árdua que seja a tarefa. É através das lutas diárias e da aprendizagem das lições importantes que encontram pelo caminho, que cada uma encontra a sua "Cidade Celestial". Esta obra ensina-nos a olhar em volta e pensar em tudo o que a vida tem de bom; em como somos recompensados quando tomamos a atitude certa e em como nem tudo se resume aos bens materiais: a vida é muito mais do que isso; é a partilha, o encontrar esplendor nas pequenas coisas, é viver um dia de cada vez. Sem dúvida um dos meus preferidos.