Disseste-me para ir e eu fui. Fui ao mais íntimo de mim para ser pelos dois. Fui tudo e nada, fui fogo e água. Esgotei-me... esgotei-me no meu ser, a minha luz apagou-se, porque tu quiseste que eu fosse e eu fui mais do que tinha para dar. E na ânsia de dar deixei de ser, deixei de estar presente, desapareci, enfim, de mim... Porque tu não soubeste ser para ti aquilo que precisavas, então eu fui...
Fui o mais longe que o sentimento permitiu e perdi-me de mim, a minha luz extinguiu-se e a alma silenciou-se até que o coração disse «basta!», impôs-se na escolha de me libertar para poder sarar e ser feliz, descobrir que afinal sou tudo o que preciso em mim e no mundo, que o amor deve ser maior do que era entre nós.
A alma ferida agora respira em paz, reacende a luz que aquece e ilumina o propósito que em mim se escondia e que de mim brotará como a água primeira da nascente sagrada. Porque o que fui, já não sou, porque o que sou, já não serei, porque o que serei, é infinito!