quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Feliz Natal!





Sei que não é costume, mas este ano veio-me uma súbita e estranha inspiração natalícia, por isso, não podia deixar de escrever esta pequena mensagem de Natal para desejar boas festas aos escassos visitantes que o blog tem. Acho que durante algum tempo esta quadra perdeu alguma da sua magia, o que me faz sentir desligada, mas parece que comecei a recuperar de um longo luto interior. Então escrevo e digo-vos que o Natal não é só presentes do Pai Natal ou os anúncios e montras chamativos. O Natal não é o consumismo a que nos habituaram as lojas e a televisão. Na verdade o Natal é celebrar e estar em família, partilhar histórias e boas memórias à lareira, partilhar a comida preparada com carinho, é perdoar, reflectir e seguir caminho. Mas no mundo cosmopolita e tecnológico em que vivemos, as pessoas esqueceram-se disto: o Natal é a simplicidade das pequenas coisas, a cumplicidade dos bons momentos, a alegria do reencontro. Com isto, desejo-vos um Feliz Natal, recheado de amor, carinho, saúde e muitas leituras! E não se esqueçam das coisas importantes, aquelas que são feitas com o coração. 

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

A Vidente de Sevenwaters, Juliet Marillier





Incorro, mais uma vez, de me tornar repetitiva em relação a esta autora, mas a mestria de Marilier é realmente notável e nunca deixa de nos surpreender. Neste quinto volume a história é narrada a duas vozes, numa nova aventura vertiginosa aos limites da resistência, repleta de ecos da narrativa passada de outras personagens, ecos que perspectivam o que pode vir a acontecer. A autora dá-nos a conhecer um pouco mais sobre a reservada Sibeal quando se torna uma mulher adulta e se depara com a impressionante determinação de Felix. A resistência e persistência de ambos para fazer o que é certo é incrível. Ambos travam uma luta interior bastante desconcertante, mas no final e repleto de emoções e reviravoltas, perdas e reencontros, A Vidente de Sevenwaters mostra que mesmo as escolhas mais impossíveis e dolorosas, não são impossíveis, porque em todas as decisões há sempre uma hipótese de escolha. 

sábado, 5 de dezembro de 2015

Shadowfell, Juliet Marillier





As histórias de Juliet Marillier são inequivocamente fascinantes e esta não é excepção. Prende-nos do início ao fim e é impossível ficar indiferente, por isso, simplesmente adorei. Nesta nova aventura, a autora apresenta-nos Neryn, que fica órfã e é constantemente posta à prova, mas que aprende a acreditar em si própria e a confiar  nos outros; e Flint, sempre rodeado de mistério e cujas decisões o empurram para o limbo. Repleto de encontros e desencontros, de emoções fortes e suspense, o primeiro volume desta trilogia transporta-nos para a maltratada terra de Alban, onde se vive com medo e qualquer viajante solitário é olhado com desconfiança. A magia foi proibida, excepto na corte, mas continua a existir e a rebelar-se, porque a esperança reside em Shadowfell. Para lá chegar, Neryn tem de se superar a si própria, quase atingindo o limite das suas forças; porém, a sua perigosa viagem não é desprovida de ajuda do Outro Mundo. Mal posso esperar para saber o que acontece a seguir!

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Pedaços de Escrita #40






Sou uma princesa das letras, uma rainha de silêncios e esperas. Caminho pelo palco deserto da vida, com passos leves e precisos. As palavras são meros murmúrios na calma do espaço vazio. Com passos de ballet, executo um bailado com a caneta, a tinta escorrendo pelo papel como a água de um rio pelo leito pedregoso. As palavras unem-se, formando frases e depois parágrafos, como as pedras que erguem os muros de um castelo. Endireito a tiara na cabeça, rodo a caneta algumas vezes entre os dedos, com um suspiro exasperado. Depois de mais um silêncio irrequieto, a caneta dança mais uma vez pelo papel, numa dança louca, repleta de saltos vorazes e piruetas arrebatadoras. E o texto cresce, cresce, cresce... Quem sabe onde vai parar?

A luz é diminuta e o silêncio adensa-se, mas a caneta exerce um fascínio mágico sobre a minha mente e não pára. A arte da palavra é exigente e caprichosa, dominada apenas pelos mais corajosos, aqueles que se atrevem a tecer os fios de uma história. Sou uma princesa das letras e, de cabeça erguida, trabalho a minha arte o melhor que sei, sempre em constante evolução e aprendizagem. E enquanto a noite avança, a escrita fluí como elegância, ritmo e efervescência. Quando o dia rompe e as sombras se diluem, as palavras esgotam-se e a caneta pára, o fluxo de electricidade abranda. Um bocejo súbito anuncia o esforço excessivo que o capricho da arte obriga. Reclino-me no sofá, fecho os olhos e mergulho no merecido descanso de uma princesa das letras. 

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Deslumbra-me, Maggie Shipstead





Este livro suscitou-me muita curiosidade, porque adoro ballet (pratiquei em pequena e tenho pena de não ter continuado) e porque nunca tinha lido nada que contemplasse esse mundo. Gostei muito, mas confesso que me senti um pouco frustrada com o final. Apesar de tudo, este romance é, de facto, deslumbrante, quer pela escrita de cadência realista, que transmite uma sensação de flutuação, como se também o leitor estivesse em palco, quer pelo enredo e caracteriação das personagens. Uma história que começou como um conto e que se transformou num romance excelente que fala sobre o amor pela dança, o confronto com a verdade e o passado e a capacidade de aceitação e de perdoar, porque, por vezes, não existem segundas oportunidades. Este é mais um daqueles que deve ser lido e relido, sobretudo se gostarem de ballet.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Pedaços de Escrita #39





Desde manhã que se sente nostálgica. Desde que passara pelo estúdio de dança e vira, por acaso, o decorrer de uma aula de ballet. As meninas alinhadas na barra, envergando maillot preto, collants, tutu, e sapatilhas cor-de-rosa, e o carrapito, muito perfeitinho, no alto da cabeça. Movem-se todas ao mesmo tempo, seguindo, sincronizadas, as instruções da professora. Suspira, sacudindo a memória, e percorre a prateleira com os dedos, à procura do álbum de fotografias. Encontra-o no fundo e senta-se na cadeira de baloiço, folheando-o à meia luz que entra pela janela. O dia é fugidio, já quase deu lugar à noite. Então Mabel encontra o que procura: uma fotografia de quando era criança, envergando um maillot preto, uns collants cor-de-rosa, tutu e um carrapito no alto da cabeça. O pequeno rosto exibe um sorriso radiante, apesar da postura rigorosa. 

Sorri à fotografia. Também já praticou ballet quando era menina, mas não se lembra porque parou. Quem sabe se não seria (ou teria sido) uma boa bailarina? Teria participado em bailados no teatro e na ópera e talvez tivesse criado alguns. Mas tudo isto não passa de sonhos de menina e Mabel já é uma mulher adulta. Fecha o álbum e põe-no de lado. Depois afaga o ventre redondo e pesado por causa do bebé. Talvez tenha uma menina que se interesse por ballet. Seja o que for que a vida lhe reserve, Mabel dispõe-se a aceitá-lo, porque aprendeu cedo a aproveitar as oportunidades e está certa que esta será uma delas.

***

Mabel sorri e acena, retribuindo o aceno entusiástico da pequena Isolda. Aos seis anos, é o seu primeiro bailado, depois de três anos de muito esforço. Sente-se feliz e orgulhosa da sua pequenina, que sempre quis ser bailarina. A menina corre de regresso aos bastidores, onde a jovem companhia aguarda pelo silêncio do público para que o pano suba. Mabel olha para o marido, Will, e para o pequeno e irrequieto Harry, que espera ansioso para ver a irmã a dançar. Will retribui o olhar e o sorriso.
- Vai correr tudo bem - diz ele baixinho.
- Eu sei - responde ela no mesmo tom.
E quando a música começa, faz-se silêncio e o pano sobe. 

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Pedaços de Escrita #38





Afinal quando vem o frio? Estamos a meio de Novembro e mas parece que ainda estamos em Setembro! Deveríamos querer usar camisolas de malha, gorros, luvas e meias; beber bebidas quentes e procurar refugiarmos-mos do vento gelado e do tempo chuvoso, mas este ano o Inverno tarda em aparecer. Os dias passam, sempre solarengos, mas levemente frescos, como fosse Primavera e não Outono, quase Inverno. Está tudo trocado nos dias que correm e era bom voltar a ter estações do ano normais, no tempo certo. Mas será que isso ainda é possível? Ou ter-se-ão perdido todas as hipóteses de recuperar a naturalidade e a normalidade do tempo e das coisas naturais? Talvez amanhã ou um dia mais tarde ou mesmo nunca venhamos a descobrir a resposta a esta pergunta. Por agora resta-nos esperar para ver o que acontece e que a normalidade regresse depressa a este mês de Novembro.

domingo, 20 de setembro de 2015

Pedaços de Escrita #37





Esta serra é especial, dizem até que é encantada. É muito provável que seja, pois tudo nesta serra brilha com o brilho e encanto diferentes. A luz filtra-se através das copas, despertando mil tons, a serenidade apenas quebrada por um qualquer chilrear ocasional. A floresta rejubila de vida, mesmo no calor inesperado desta tarde de fim de Verão. A clareza com que se avista o horizonte é de tirar a respiração, a harmonia em que se cruzam o verde e o azul, a costa e o mar, como no imaginário de um conto antigo. Esta serra ergue-se como uma ilha, misteriosa e mágica, imponente entre o mar e o continente. As luzes, os sons, o esplendor que a rodeiam despertam os mais aventureiros sonhos, num misto de realidade e imaginação. Esta serra é única e deslumbrante pela sua singularidade simples, temperamento diverso e maravilhas para descobrir numa viagem interminável pela vida.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Cidades de Papel, John Green





Há já algum tempo que tinha curiosidade em ler alguma coisa deste autor, mas como não se encontrava no topo das minhas prioridades de leitura foi ficando em stand-by, além de que, quando se trata de autores que nunca li, tento sempre não elevar muito as expectativas. Acabou por ser mesmo um acaso, tendo em conta o muito que se houve sobre o livro e o autor por causa da estreia recente da adaptação cinematográfica. É um bom livro, que proporciona uma leitura descontraída, leve e muito inclinada para reflexões, com personagens que estão bem caracterizadas, embora seja muito difícil perceber a Margo; o tema em si pode não ser nada novo, mas gostei, sobretudo pela perspectiva realista que o autor apresenta, até porque como é do conhecimento geral, a adolescência e o que se lhe segue não é fácil. Porém, não se compara a alguns dos livros que já li, de autores que gosto muito. 

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Olá!






Olá amigos bloggers e leitores! Eu sei que isto tem andado muito parado, mas não tenho conseguido mesmo dedicar tempo ao blog, devido a trabalho académico em curso que me rouba o tempo e a paciência. Espero recuperar o tempo perdido daqui a um mês. Não tenho lido, nem escrito tanto quanto queria e devia, mas hei-de pôr isto nos eixos, prometo. Até lá, espero que continuem a seguir o blog e a página de Facebook (não se esqueçam de fazer gosto na página e partilhar, por favor). Bem-haja e até à próxima oportunidade. 

sábado, 8 de agosto de 2015

Pedaços de Escrita #36





O vento cálido e fresco que entra pela janela na manhã quente de Agosto, o lento passar das horas e a languidez do sol sobre o céu azul brilhante, a calmaria que sugere um tempo de não fazer nada; mas não pode ser, ainda há muito trabalho para fazer e um suspiro de resignação escapa-se-lhe dos lábios, enquanto volta costas ao bucolismo que avista pela janela todos os dias. Os tempos de brincadeira na floresta já lá vão, agora é altura de assumir responsabilidades. Mas sonhar não faz mal a ninguém, pois não? Às vezes também é preciso.

O dia vai passando e o sol vai baixo quando finalmente dá o trabalho por terminado; é tarde, mas ainda há tempo para um passeio antes da ceia. Assim, de xaile pelos ombros, percorre o caminho solitário até ao rio, saboreando a luz pálida e o ar fresco da tarde, encontrando os irmãos e o namorado no caminho. Seguem todos juntos, tagarelando incessantemente, relembrando os dias simples da infância, fazendo planos para o agora e o amanhã. Ah, como um simples passeio é tão gratificante quando se mantém a simplicidade das coisas quotidianas! Ao crepúsculo, regressam devagar e calados, mas de sorriso no rosto e coração cheio, ansiando pelas possibilidades do amanhã.

domingo, 12 de julho de 2015

Pedaços de Escrita #35





Deu um gole no café, ainda a escaldar, e mordiscou o queque de chocolate. Depois deixou-se divagar na observação das pessoas que passavam, apressadas nos seus afazeres; exasperou-se, pegou na caneta e escrevinhou mais algumas linhas no seu muito gasto caderninho de couro. Outro gole, outra mordidela, mais umas quantas linhas. As horas foram passando, o sol seguiu a sua trajectória e a jovem escritora pediu outro café e outro queque. Quedou-se numa nova observação silenciosa, desta vez saboreando o pequeno lanche com satisfação e sensação de dever cumprido. A luz escoava-se rapidamente, o que a fez apressar-se. Deixou as moedas em cima da mesa, recolheu as suas coisas e saiu do café no seu passo curto e ritmado, seguindo em direcção ao pequeno supermercado ao fundo da rua, para comprar qualquer coisa para o jantar. Percorreu os corredores sem pressa, procurando os seus produtos preferidos. 

Feitas as compras, regressou a casa e preparou a refeição, sentando-se a comer calmamente, à espera que o companheiro regressasse. Lavou a loiça e arrumou a cozinha, depois sentou-se na sua cadeira de baloiço com um livro. Pareceu-lhe que tinham passados meros segundos quando ouviu a chave na porta. Pousou o livro e levantou-se para o receber, rodeando-lhe o pescoço e beijando-o apaixonadamente. Ele ergueu-a nos braços, sorrindo, e beijou-a de novo. Ficaram abraçados alguns instantes, desfrutando do carinho, e seguiram para o quarto, amaram-se e adormeceram nos braços um do outro, mitigando as saudades das longas semanas de separação. Era sempre assim depois das ausências e dos amuos.

Seria assim com todos os amantes? Não sabiam dizer, mas sabiam que aquele carinho cúmplice era bom até para a alma; era parte do seu equilíbrio como seres individuais e como um todo e parte da sua natureza de amantes apaixonados. Podiam viver uma vida boa, assim, naquela cumplicidade de loucura e paixão, saudade e fúria, conforto e ternura. Porque era assim, a sua natureza de amantes: contraditória, mas tão certa à sua maneira. Eram felizes. 

sexta-feira, 10 de julho de 2015

O Cavalheiro Inglês, Carla M. Soares





"No seio de uma família, há corações que se agitam entre o curso da História e o irresistível perfume dos livros"

Depois de meses a ansiar pela leitura deste livro, e depois da satisfação que me deu a leitura de Alma Rebelde, não consigo resumi-lo numa só palavra. Está excelente e é muito divertido, mesmo tendo em conta a tenção da época histórica em que se desenrola a narrativa. Mais uma vez, Carla M. Soares transporta-nos para dentro da história e da vida de personagens autênticas, verdadeiras e, atrevo-me a dizer, muito reais. É impossível ficar indiferente à irreverência e temperamento dos dois irmãos ou mesmo ao descaramento do cavalheiro inglês, em oposição a uma sociedade de mentalidade obsoleta e vaidade absurda, numa altura em que o descontentamento com a monarquia e a situação decadente do país emergia rapidamente. Um romance repleto de peripécias familiares, sociais, amorosas, enternecedoras e inquietantes, que acompanham o crescimento e desabrochar da protagonista face ao mundo que a rodeia, a qual acaba por encontrar no casamento, não a "prisão" e resignação para as quais eram educadas as meninas de bem, mas a tão almejada liberdade de escolha e decisão negada à maioria. Este é mais um daqueles que terminei com um sorriso, que cedo se tornou um dos meus favoritos e que certamente irei ler muitas vezes. 

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Pedaços de Escrita #34






Deixei-me absorver, logo aos primeiros acordes da guitarra, naquele tom country, e deixei de ouvir o rumor das conversas ociosas que giravam à minha volta, nesta e naquela direcção. E a minha mente voou, recuando até àquela leda madrugada, cheia de conversa, riso e carinho; aquela em fiquei nos braços dele sem pensar em nada, porque nada me podia atingir. O meu coração deu um salto e olhei em volta: lá está de novo, aquela sensação de que o vou ver entrar pela porta aberta a todo o instante; e de repente, está mesmo, com o mesmo sorriso caloroso de sempre, o olhar ardente na minha direcção.

A música continua  a tocar enquanto ficamos ali a olhar-nos um ao outro sem nos mexermos. Quando finalmente as nossas mãos se tocam, o toque é igual ao primeiro, mas melhor, porque desta vez sei que não há razão para medos, nem inseguranças. Ele puxa-me para uma dança, apertando-me gentilmente nos braços, inspirando profundamente. Parece um sonho, mas todo o meu corpo me assegura que não; que esta noite é real, que o nosso amor é real e forte o suficiente para perdurar no tempo.

Olhamos um para o outro, tomados por um mesmo pensamento e rimos entre nós. A música pára e começa de novo; continuamos a dançar, ignorando o resto do mundo. E de manhã não é apenas uma recordação, mas o começo de uma nova página nas nossas vidas.

domingo, 28 de junho de 2015

Pedaços de Escrita #33





Viajo com leveza pelo caminho para o amanhã. O meu caminho, as minhas escolhas, o meu futuro. A viagem da minha vida! No fundo, não passa tudo de uma grande jornada, mas somos nós, por nós mesmos que definimos o rumo da grande jornada. Assim, o meu amanhã começa agora, com esta viagem solarenga e animada; mas não a faço sozinha, nada disso! Levo comigo as fotografias, os livros, as memórias; levo os risos, os choros, as fúrias e os silêncios maravilhados; levo a escrita, a fotografia e outros parcos talentos que tenho. Esta é  minha bagagem  de meia vida, que levo comigo para a outra metade, a outra parte da aventura. Quanto ao resto, ao amanhã, construi-lo-ei com o meu amor e, se à natureza lhe aprouver, completaremos a nossa felicidade com a alegria dos nossos rebentos. A vida tem tanto para viver e, no entanto, é tão curta para fazer tudo o que queremos; por isso mesmo, a felicidade é construída vivendo um dia de cada vez, de mente e coração abertos perante o inesperado.

Pedaços de Escrita #32






Não sei que febre é esta, que me faz desejar ardentemente o teu toque, que me possuas o corpo e a alma, que me beijes os lábios sôfregos e os seios intumescidos! Cada partícula do meu corpo vibra, ansiando pelo teu, pelos teus beijos e as tuas carícias ousadas. Vem, meu amor, refrear este fogo descontrolado que me corre pelas veias sem cessar. Hoje não há lugar para o pudor; simplesmente quero-te em mim e estar em ti, amar-te fervorosamente a noite toda com o mais bravo dos desejos que cresce no âmago de mim! Vem, amor, perder-nos-emos hoje um no outro até à saciedade do corpo e da alma. Quero-te tanto, meu amor, que o meu corpo não se contém! Vem possuir-me, amar-me até à exaustão, porque hoje ardo de paixão e preciso de estar nos teus braços, amor. Hoje o fogo em mim queima e exige mais, deixando-me louca com esta urgência amorosa. Vem amor, completar-me com o teu fervor!

sexta-feira, 26 de junho de 2015

O Décimo Terceiro Conto, Diane Setterfield





"Todos temos uma história. É como a família. Podemos não saber quem ela é, podemos tê-la perdido, mas ela existe na mesma. Podemos distanciar-nos ou virar-lhe as costas, mas não podemos dizer que não a temos".

Não sei bem como descrever a impressão que este livro me causou. É uma leitura rápida e intrigante. Numa escrita fluída e concisa, Setterfield apresenta-nos nesta obra uma história avassaladora de intriga, mistério, segredo, sofrimento, perda, amor, reencontro e reconciliação, cuja narrativa se desenrola entre dois enredos, o passado e o presente. O título por si só confere curiosidade, lançando o mote principal para um dos grandes mistérios desta história. Para além disso, todas as personagens são fortemente toccadas pelas imposições do destino e levadas para lá dos limites da razão e aquilo que parece ser apenas uma história, é antes uma realidade marcada pelas acções e respectivas consequências de uma família dada à disfuncionalidade. E mesmo quando posta por escrito, a verdade sobre Vida Winter, continua a ser segredo, até ao dia em que quem de direito decida partilhá-la com o mundo. 

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Pedaços de Escrita #31






A questão de ser, existir
Será realmente uma interrogação
Ou apenas um devaneio das nossas mentes?
É possível obter respostas,
Se olharmos à nossa volta?
Ou é só um truque do inconsciente?
Não há como saber a verdade,
Sempre coberta por meias-verdades. 

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Pedaços de Escrita #30





Já ouvi dizer que "a escrita é 2% inspiração e 98% transpiração" as vezes suficientes para saber o quanto essa afirmação é verdadeira. A escrita é uma arte muito difícil; nem sempre acontece facilmente e pode ser desesperante. Mas é um ofício desafiante e engraçado quando vem subitamente! Não sei exactamente quando surgiu a minha paixão pela escrita, mas sei que tinha onze ou doze anos quando comecei a escrever. Desde então tenho praticado o suficiente para saber quem sou. Sou escritora; e posso dizê-lo porque é o que faço melhor. E é suposto fazermos isso mesmo: o que fazemos melhor. A escrita permite-me escapar da realidade e ter o controlo sobre o que vai acontecer na história, o que as personagens sentem e pensam; escrever é a arte que permite ao escritor pôr em palavras as imagens da sua imaginação de uma forma muito particular, de modo a que as pessoas possam compreender. Por isso, a escrita é aquela arte difícil, desafiante, divertida e maravilhosa que transmite emoções e pensamentos, mas acima de tudo permite ao escritor contar histórias inspiradoras.

Pedaços de Escrita #29






É o crepúsculo e o ar está calmo, anunciando uma noite morna de Verão, depois do ar abafado da tarde. De olhar fixo na linha, cada vez mais indefinida, do horizonte, perco-me numa gíria de palavras soltas que não significam nada, são completamente vazias de sentido. Então porque me prendem? Giram em torno dos meus pensamentos confusos, fazendo-me reviver memórias que preferia esquecer. Mas o esquecimento não chega e a intensidade das palavras é tal, que o meu controlo se desfaz e do âmago de mim irrompe um grito animalesco, de raiva e de dor, que se perde no negrume crescente da noite.

Com a incerteza desvanecem-se todas as esperanças e qualquer vestígio de compreensão. Vergada pela impotência, fito a noite estrelada sem ver a sua beleza, por me encontrar tão perdida nesta solidão. Onde estás? Todas as minhas preces caíram no vazio e o desespero quase me quebra. O céu passou lentamente de negro a cinzento e a aurora chegou, mas não sou capaz de sorrir perante a maravilha de um novo dia. Porque é mais um dia sem ele, sem saber se saberei o que aconteceu, se o verei novamente. A ignorância corrói-me os nervos, deixando-me incapaz de pensar em algo mais do que aquilo que não sei. Ergo o olhar para o sol nascente e a inconsciência apodera-se de mim. 

É novamente crepúsculo quando recupero a consciência. Alguém me trouxe para o meu quarto, pousando-me sobre a colcha fina da cama. Sentei-me abruptamente, quase sem conseguir respirar, e, à luz difusa do lusco-fusco, vi-o deitado ao meu lado. O meu amor estava ali, profundamente adormecido; finalmente regressara para junto de mim. Livre da angústia que me subjugara durante tanto tempo, voltei a sentir-me feliz e em paz, adormecendo aninhada junto dele com um sorriso nos lábios.

Pedaços de Escrita #28






Hoje uso a coroa direita, como uma princesa de conto de fadas, mas sem ser uma delas. Hoje livrei-me do que não me faz falta, do que me era nocivo e vicioso, do que não passava de capricho; no fundo, libertei-me das grilhetas do passado contundente e hoje sou livre como o vento para ir para onde quiser, para ser dona de mim mesma. Hoje sou tudo e nada ao mesmo tempo, hoje sou princesa, amanhã rainha. Mas o futuro é tão incerto que tenho medo de me perder na minha liberdade. E se as minhas escolhas forem erradas e o mundo ruir à minha volta? O simples pensamento provoca-me arrepios de medo; mas hoje não é tempo para medos, mas para ousar e ir em frente; hoje é tempo de começar algo novo sem olhar para trás, para agir e não para pensar, porque pensar permite que o medo supere a coragem e hoje uso a coroa direita, porque hoje é para viver sem arrependimentos e a felicidade está em ousar viver livremente o presente para construir o futuro.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Ida à Feira do Livro!





Olá, como estão todos por aqui? Ontem fui à Feira do Livro e passei um fim de tarde e um serão muito agradáveis, em boa companhia! Adquiri duas leituras novas, aproveitei a Hora H, conheci a Carla M. Soares e fiquei com dois autógrafos seus, e conheci outras bloggers muito simpáticas. A iniciativa Encontro com Bloggers foi, sem dúvida, uma excelente ideia da Marcador, permitindo um maior à vontade entre todos. Para além disso, esteve uma noite amena de início de Verão, o que tornou o ambiente da feira ainda melhor e, confesso, fiquei com uma enorme vontade de voltar à feira, mas como já atingi o meu orçamento limitado vai ter de ficar para a próxima; embora gostasse de poder lá passar todos os dias! Desejo-vos umas boas leituras; e a propósito, estas serão as minhas próximas, logo a seguir à releitura de Alma Rebelde:



quarta-feira, 27 de maio de 2015

Pedaços de Escrita #27






A minha filha usava laços cor-de-rosa no cabelo, num tom suave igual ao do vestido de Verão, chicoteado pelo vento enquanto ela corria pela relva de pés descalços. As suas gargalhadas infantis ecoavam no ar morno da tarde, o cabelo cor-de-mel um estandarte de liberdade e os olhos azuis brilhantes de felicidade. À nossa volta, na copa das árvores, os pássaros chilreavam e o vento restolhava; Eu estava sentada sobre o cobertor multicolorido enquanto observava a nossa pequenina a desfrutar da sua inocência. Fechei os olhos por um momento e, então, ali estava ela, mesmo à minha frente, de sorriso arreganhado:
- Mamã? Toma!
E estendeu o braço para mim, largando-me no colo um raminho de flores silvestres. Sorri-lhe, cheirei as flores e disse-lhe que eram bonitas. O seu sorriso abriu-se ainda mais e ela plantou me um beijo na face, para depois desatar a correr outra vez, qual cabrito tresmalhado. Comecei a entrançar as flores e ao fim de algum tempo tinha duas tiaras primaveris no meu colo. A minha pequenina cansou-se de correr e veio sentar-se junto de mim; pus-lhe uma tiara na cabeça e a outra na minha e sorrimos uma à outra. Depois ficamos em silêncio, à espera. Quase ao crepúsculo, ele veio ao nosso encontro, reunimos o cobertor e fomos para casa. 

terça-feira, 26 de maio de 2015

A Guerra das Bruxas, Maite Carranza





Comecei esta trilogia há uns anos, mas infelizmente o último volume não foi ainda ou não chegou a ser traduzido. Talvez devido ao facto de o público leitor português estar muito mais habituado às obras de autores ingleses e americanos do que às de autores castelhanos. Pessoalmente, não achei esta história nada por aí além. É interessante do ponto de vista do género fantástico, mostrando uma perspectiva mais moderna daquilo a que normalmente se chama feitiçaria: a wicca; mas discordo profundamente dos críticos que referem esta trilogia como equivalente a grandes nomes do fantástico. É simplesmente diferente de tudo o que já li, quer no desenrolar do enredo, quer na caracteriação das personagens. Pena que não possa descobrir como termina. 

domingo, 24 de maio de 2015

Pedaços de Escrita #26






Doces e bordados; dois aspectos da vida doméstica, tão intrinsecamente sobrevalorizados hoje em dia, mas que fazem inevitavelmente parte de uma cultura tão rica. Se não fossem os doces caseiros feitos pelas nossas mães e avós e pelas mães e avós delas, talvez não existisse uma tão grande variedade. E se não fosse o espírito criativo impulsionado pelas cores garridas e padrões intrincados, elaborados através de pontos minuciosos, a decoração caseira tornar-se-ia monótona e vulgar. Para ambas as coisas basta apenas um pouco de sensibilidade e boa vontade. Porém, são uma minoria as pessoas que se interessam por qualquer uma destas artes; mas não é qualquer pessoa que tem talento para tal e o que parece simples complica-se. O melhor destas e outras artes é a grande diversidade de possibilidades, uma vez que cada pessoa adapta um doce, sobremesa  ou desenho intrincado ao seu gosto. É tudo muito universal e pessoal ao mesmo tempo. Por isso, sim, doces e bordados são duas artes domésticas muito preteridas pela maioria das pessoas, mas para outras continuam a ser muito interessantes, úteis e divertidas. 

domingo, 10 de maio de 2015

Pedaços de Escrita #25






Quando penso em lar, ocorrem-me várias coisas, como a casa dos meus avós ou locais onde existem livros ou é possível escrever. Por "casa dos meus avós", refiro-me mais propriamente ao local onde a casa está situada, na montanha, de frente para oeste, o que possibilita a visão de um pôr-do-sol maravilhoso. Lá sinto-me em casa, talvez por causa da minha infância, sinto-me verdadeiramente feliz. Contudo, também tenho essa sensação numa biblioteca ou livraria, porque adoro ler e um livro é sempre uma boa opção quando não há mais nada para fazer; ou quando pego em papel e lápis e escrevo as minhas próprias histórias, que são tão parte de mim como respirar. Quando penso nisso, estas coisas facilmente me fazem sorrir. E quando imagino o meu futuro dentro de dez anos, há vários aspectos que constituem a minha ideia de felicidade: independência, escrita, família, uma vida simples, algures no campo, mas relativamente perto da cidade. No fundo, alcançar aquilo que me faça sentir preenchida enquanto pessoa.

Pedaços de Escrita #24





A Chave, é um pequeno restaurante de self-service, situado numa rua muito movimentada, entre dois grandes edifícios de negócios, como duas torres gigantes. Do exterior parece uma casinha saída de uma história antiga, com a sua fachada bege decorada pelas molduras de madeira escura das janelas e da porta. Em cada janela existe uma floreira de barro, suportando vasos de amores-perfeitos. No interior, as paredes são beges e o chão de madeira escura; tem algumas mesas, também em madeira escura, tal como o balcão. A parede frente ao balcão, bem como a de trás, está decorada com chaves antigas, referentes ao nome do restaurante. Por fim, o restaurante tem uma ementa apelativa que consiste numa salada de tomate e queijo e uma canja de frango como entradas; bife grelhado e peixe com batatas fritas como pratos principais e pudim flan e gelado de chocolate como sobremesas.

terça-feira, 28 de abril de 2015

The Portrait of the Artist as a Young Man, James Joyce





No seguimento da abordagem ao trabalho de James Joyce numa cadeira sobre literatura irlandesa, durante a minha licenciatura, dei aso à curiosidade e li este livro, já durante o meu ano de Erasmus. Apesar de todas as (fortes) referências e dilemas religiosos, é uma leitura que se faz razoavelmente bem, tendo em conta que se trata de uma obra um tanto ou quanto biográfica. Joyce é muito reflexivo, o que também se nota consideravelmente em Dubliners, dando à escrita um tom lento, descritivo e inquiridor. À parte o facto deste não ser muito o meu género, acho que vale a pena ler, quanto mais não seja por ser um dos clássicos de uma literatura riquíssima. 

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Dia Mundial do Livro 2015





Hoje comemora-se o dia mundial do livro e dos direitos de autor. Sim, também existe um dia especialmente dedicado aos livros e ainda bem, porque de certeza que estes fazem muita gente feliz. Este dia dedicado à literatura é tanto um marco cultural importante como uma excelente oportunidade para aproveitar os descontos das editoras e livrarias, renovando a biblioteca lá de casa. São várias a iniciativas, como a sessão de leitura (a decorrer hoje no Chiado) e o bookcrossing da Bertrand ou os descontos especiais da Wook. De que estão à espera? Aproveitem bem este dia e boas leituras!

sexta-feira, 17 de abril de 2015

85ª Feira do Livro de Lisboa!





Portanto, está em preparação mais uma edição da Feira do Livro de Lisboa. A feira terá lugar entre 28 de Maio e 14 de Julho, no lugar de sempre, o Parque Eduardo VII. Nas palavras da APEL: "Esta 85ª edição promete dar continuidade a um espaço muito apetecível para todos aqueles que passam pelo Parque Eduardo VII em busca das novidades literárias, de um encontro com o seu autor favorito ou, simplesmente passear rodeado por livros". Digamos que é como que o evento do ano para os amantes de livros, como eu, e a oportunidade perfeita para aumentar a biblioteca pessoal! Curiosos? 

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Manhã Submersa, Vergílio Ferreira





É a segunda obra que leio de Virgílio Ferreira e mais uma vez, a sua capacidade descritiva deixa-me sem palavras. Não digo que seja dos meus favoritos, mas o tema é propício a reflexões longas. Quantas vezes não damos por nós a seguir o caminho que outros nos destinaram e não aquele que queríamos ter seguido? Quantas vezes não nos sentimos revoltados por nos obrigarem a viver como não cremos? É precisamente isto que está em causa, quando António se vê forçado a ir para o seminário contra a sua vontade. Não só a religião e a morte são abordadas neste romance, mas também o amor próprio, o existencialismo, a adolescência conturbada de dúvidas e revolta; tudo isto de uma maneira profunda sob o uso de palavras carregadas do nosso português que hoje em dia já não se usam tanto. Vale a pena ler e reflectir.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Memorial do Convento, José Saramago






Esta foi outra das minhas leituras escolares de que gostei, não pela franqueza a sagacidade com é é tratado o período histórico, mas também pela construção das personagens, apesar da escrita acelerada de Saramago. A par da história de Baltazar e Blimunda, do sonho da Máquina Voadora, são abordados temas quase esquecidos, mas que são fundamentais para compreender este período histórico: a magnificência do rei D. João V às custas do ouro que vinha do Brasil, que era usado em construções opulentas como o Convento de Mafra, a exploração dos trabalhadores, a caça às bruxas. Mas a singularidade deste livro prende-se também com a critica social escondida nas palavras do autor, que apesar do que dizem, não é assim tão difícil de ler; experimentem!

Falar Verdade a Mentir, Almeida Garrett





Não tenho por hábito ler peças de teatro e nem sempre tomei gosto por leituras obrigatórias do plano escolar, mas confesso que gostei muito desta. Ainda melhor foi assistir à mesma no teatro. Não sei bem por que razão em particular gostei tanto desta peça; talvez pela ironia cómica da sua moral. Porém, é uma comédia muito bem conseguida do nosso caro Almeida Garrett, e seja lá qual fosse o seu propósito na altura, o certo é que provoca no leitor / espectador uma boa dose de gargalhadas. Esta é mais uma daquelas leituras que recomendo vivamente, não só por se tratar de uma obra portuguesa, mas também porque a boa disposição é garantida.

terça-feira, 31 de março de 2015

Perto de 20 contos inéditos de Pessoa publicados quinta-feira!





Durante as minhas deambulações matinais encontrei esta notícia no DN online. Estudei Fernando Pessoa na escola, mas tinha ideia de que ele apenas tinha escrito poesia; afinal também se dedicou à prosa, o que não deixa de ser uma ideia interessante, visto que a mente deste autor trabalhava a mil à hora e dado o seu estilo tão peculiar. São poucos os autores portugueses que leio, e sendo a escrita de Pessoa tão elaborada, não é surpresa nenhuma que seja difícil de entender; porém, confesso que fiquei curiosa acerca destes contos inéditos, ainda por cima tendo em conta que foi publicado muito pouca coisa da sua obra. De qualquer modo, deixo-vos aqui o link: Perto de 20 contos inéditos de Pessoa publicados quinta-feira - Artes - DN
Votos de continuação de boas leituras e bem-haja!

segunda-feira, 30 de março de 2015

Pedaços de Escrita #23






Ele ainda trabalhava, mesmo à luz da vela, a faca talhando a madeira de uma maneira rítmica e precisa; por isso ela deixou-se ficar muito quieta enquanto continuava a escrever, a pena de escrever deslizando sobre o papel com uma precisão carinhosa. Os seus olhos encontraram-se de vez em quando e eles sorriam, sob o encantamento do amor. Finalmente pousaram ambos o seu trabalho, apagaram as velas e atravessaram a casa em silêncio. Amaram-se a noite toda, na expressão mais perfeita da sua paixão. A manhã ergueu-se, encontrando-os abraçados em braços um do outro, sustendo o momento tanto quanto possível na profundeza dos seus espíritos, perdidos na consciência da ternura e do amor. O silêncio mudo permaneceu enquanto os pássaros cantavam e o sol entrou timidamente no quarto, conferindo-lhe um brilho dourado.

segunda-feira, 23 de março de 2015

O Amor da Tua Vida, Cecelia Ahern





É raro conseguir ler dois livros do mesmo autor de seguida, mas consegui esse feito. Neste livro, Cecelia Ahern narra uma história comovente e enternecedora sobre as surpresas e as fatalidades da vida.  Na sua escrita simples e fluída, a autora passa-nos uma mensagem clara: às vezes, quando procuramos ajudar os outros, temos de nos ajudar a nós próprios primeiro, ultrapassar os nossos próprios medos, e só podemos ajudar quem realmente queira ser ajudado. Além disso, devemos sempre amar a vida, procurando vive-la o mais intensamente que conseguirmos e em conformidade com aquilo que nos faz felizes. Simplesmente adorei e mal consegui pousá-lo antes de chegar ao emocionante desenlace, pois aquilo que inicialmente parecia ser uma impossível reconciliação com a vida, acabou por se tornar numa nova oportunidade para ambos os protagonistas.

domingo, 15 de março de 2015

Para Sempre, Talvez, Cecelia Ahern





Finalmente, li o segundo romance de Cecelia Ahern! Este estava mesmo à muito tempo na minha lista de "para ler". Em forma epistolar (cartas, e-mails, mensagens, bilhetes) a autora narra a história de Alex e Rosie, melhores amigos desde sempre, e o modo como a vida parece querer juntá-los e separá-los ao mesmo tempo, mas o destino acaba por levar a melhor, apesar de tantas aventuras e desventuras. Este romance detém o enredo mais frustrante de todos os que Ahern já criou, com tantos mal-entendidos e desentendimentos, combinados com divertimento e lágrimas. Esta história prova que a vida acontece da forma mais inesperada possível, por mais que a tentemos planear, e que desistir não é a melhor opção, porque o que tiver de acontecer, acontece. Espero que pensem nisto e considerem ler este livro, apesar de ter estreado o filme há algum tempo.

quinta-feira, 12 de março de 2015

Pedaços de Escrita #22





A essência da vida é um mistério, muitas vezes procurada em vão e encontrada por acaso, mas sempre indecifrável. São tantas as vezes que nos questionamos sobre ela e depois percebemos que é tão simples; se estivermos atentos. Os seus caminhos tortuosos, os becos sem saída, os altos e baixos, as expectativas, as surpresas inesperadas, tudo o que a constituí torna-nos mais fortes, faz-nos crescer, ensina-nos a viver verdadeiramente sem medo, sem planos, sem desilusões, aceitando o que pode ser, fazendo acontecer, sem depender das expectativas ou opiniões de outrem. A essência da vida somos nós que a construímos passo a passo, vivendo com a experiência de cada situação, cada erro e cada decisão. E verdade seja dita, só se vive uma vez - YOLO!

Pedaços de Escrita #21







O silêncio opressivo que não a deixava respirar, o turbilhão de ideias que não a deixava pensar. Há quanto tempo estaria ali, quieta como uma estátua, apoiada no parapeito? Pareceu-lhe passar uma eternidade antes de conseguir mexer-se e recuar. Mas por mais que tentasse esquecer, as palavras borbulhavam-lhe na mente sem cessar e sem qualquer sentido. Imagens desordenadas formaram-se na sua consciência, passado, presente e futuro misturando-se  ao acaso. Não dormiria nessa noite, como acontecera tantas vezes antes quando se sentia agitada por pensamentos indesejados; acontecia com demasiada frequência, mas que fazer, se não havia ninguém que a ouvisse, se estava sozinha? Completamente sozinha, naquele silêncio pesado, sem o conforto de um carinho, de um abraço, de uma voz amiga; trancada e esquecida, sem que nada tivesse feito para tal castigo. Deitada sobre a coberta clara, soltou um longo suspirou e murmurou uma velha canção de embalar, deixando correr as lágrimas que já não conseguia reprimir e quando os laivos cinzentos da madrugada se insinuaram no quarto, fechou os olhos, caindo num sono profundo, povoado por sonos revoltados que não conseguia contrariar.

sexta-feira, 6 de março de 2015

Pedaços de Escrita #20






Vivemos numa era de tendências. Não somente a tendência da moda e da tecnologia, mas também tendências negativas socialmente, porque há muito tempo que deixámos de agir correctamente para com aqueles que nos rodeiam, e olhamos obcessivamente para o imediato sem sequer pensar nas consequências. Estamos tão habituados a ter tudo à distância de um clique, que já não sabemos viver sem a tecnologia, cujas inovações se modificam tão rapidamente que se torna impossível acompanhá-las. Olhamos para as pessoas, mas não as vemos, as conversas estão reduzidas a mensagens instantâneas e SMS, já não há calor humano.
No fundo complicámos o que era simples, não quisemos ver o que estava mesmo debaixo do nosso nariz, prendemo-nos a uma realidade que nos traz mais dissabores do que alegrias, porque escolhemos fechar os olhos à simplicidade da vida. Cada vez queremos mais e mais coisas de que nem sempre precisamos e denegrimos aquilo que realmente importa: o afecto, a companhia, o ter um tecto e comida na mesa, a preservação do nosso património e identidade cultural.
O progresso é importante, sim, mas devíamos abrandar e olhar para o que existe à nossa volta e pensar bem antes de agir, aproveitar o momento em conformidade com o que nos deixa realmente felizes, dar valor àquilo que temos e às pessoas que fazem parte da nossa vida e que nos querem nas delas, cooperar mais uns com os outros e retribuir os bons sentimentos em vez dos maus. Talvez assim seja possível reparar algum do estrago social que existe, mas sobretudo o que for humanamente recuperável.

terça-feira, 3 de março de 2015

Pedaços de Escrita #19






Aquelas primeiras pequenas flores, tão suaves, tão fortes, tão extraordinariamente bonitas. Começam a surgir pelos últimos dias de Fevereiro, e aí estão em pura força  e beleza, pelos primeiros dias de Março: o primeiro laivo de Primavera, o encanto da luz do dia e da natureza renascida! Começa outro círculo tão bonito como o anterior, uma vez mais cheio de promessas. Em branco e rosa vêm as pequenas flores antes das folhas verdes, a chuva brincalhona antes do sol, o vento rodopiante antes do calor; os primeiros sinais de Primavera, despertam os nossos sentidos para as coisas simples e bonitas que acontecem à nossa volta. Os pássaros cruzam o céu a cantar, os ursos acordam nas cavernas, as ovelhas dão à luz os primeiros cordeiros; é tempo de harmonia e paz. Não há nada como a chegada da Primavera!

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Entre o Agora e o Sempre, J. A. Redmerski





Se já com Entre o Agora o e Nunca me senti arrebatada, não podia esperar melhor sequela! Perante a tragédia que ameaça ensombrar e erguer a dúvida sobre a sua felicidade, Andrew e Camryn regressam à estrada sem planos, no intuito de se refazerem do choque. Após aventuras e desventuras, conquistam a oportunidade de viver de acordo com a sua vontade e realizar os seus sonhos. Simplesmente arrebatador e sincero, este é mais um dos meus grandes favoritos, que mais uma vez inspira a sonhar com viagens para lugares diferentes e a lutar para não nos acomodármos àquilo que a sociedade espera de nós. Redmerski conseguiu uma narrativa profunda que prende os sentidos do leitor desde o primeiro instante; este é o fim de um ciclo e princípio de muitos outros.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Pedaços de Escrita #18






Havia uma canção que a minha mãe costumava cantar-me. Ela dizia que a canção conta a nossa história; a nossa verdadeira história, desde a era dos heróis até aos nossos dias, totalmente passados na estrada. Os bons velhos tempos, a viajar sempre para onde quer que o vento nos levasse. Isso aconteceu na altura em que eu tentava definir-me e ao meu lugar no mundo; foi nessa altura que eu percebi como tinha sorte por estar sempre na estrada. A mãe disse-me uma vez que viajar não seria uma alegria constante, e eu poderia ficar cansada e desejar assentar, que era normal se o fizesse. Eu não imaginava que isso acontecesse, mas a verdade é que depois de ambos os meus pais terem partido, a vida na estrada perdeu o encanto e a alegria. Bem, mais tarde, voltei a encontrar a felicidade com o Caleb e os gémeos, e volto à estrada com eles de vez em quando, quando a vida se torna aborrecida demais para nós. É o que a mãe chamava de aproveitar para viver o momento, onde quer que o vento nos leve e é maravilhoso.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Teodora, Luísa Fortes da Cunha






Escrita com a mestria de contador de histórias, a saga da Teodora acompanhou-me durante grande parte da minha adolescência e ainda hoje tenho um carinho imenso pela jovem fada. De momento estão publicados quinze livros e parece que o próximo já está a caminho. A Teodora é a prova provada (entre outros) de que também existe boa fantasia em português e espero, sinceramente que a saga esteja para durar mais algum tempo, embora mal possa esperar para saber o desfecho. Desde o início que esta obra se revelou um fenómeno literário da literatura infanto-juvenil e está traduzida em várias línguas, para além de que faz parte do plano nacional de leitura. Assim, não posso deixar de recomendar a leitura e releitura de uma saga maravilhosa, com a qual o leitor visita um lugar diferente a cada novo livro, sobretudo se quiserem motivar os mais novos a ler!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Pedaços de Escrita #17





Amor. Falamos de amor com tal leviandade, por vezes, que não sabemos exactamente do que estamos a falar. Quando se fala em amor, pensa-se nas coisas que se conhece e ama; sobretudo, sobre aquela pessoa especial. Pensamos no que o amor significa para nós. E em certas alturas sentimo-lo à nossa volta, como se fosse um suave murmúrio trazido pelo vento; outras vezes, está mesmo debaixo do nosso nariz e não o vemos. Mas na verdade, o amor está ou deveria estar em todo o lado: nas pequenas coisas do quotidiano, nos defeitos daquela pessoa, na imperfeição pessoal, na simplicidade da natureza. Só que não está, porque as pessoas continuam a ser demasiado egoístas e não têm o cuidado de olhar em volta com clareza, sem pensarem em amar alguém ou serem amadas por alguém. É triste, mas é a verdade: não existe amor suficiente no mundo para o simplificar, ou pelos ainda não. Se algum dia haverá, quem sabe?

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

As primeiras leituras do ano!





Olá! Peço desculpa pela ausência de novidades aqui no blog, mas agora posso dizer-vos que finalmente pude adquirir livros novos! Estas são as minhas primeiras leituras deste ano e espero nos próximos meses conseguir  diminuir gradualmente a minha to-read list do Goodreads. Em breve publico mais opiniões e pedaços de escrita. Até lá, continuem a seguir e a partilhar o blog. Bem-haja!

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Pedaços de Escrita #16






Tinha um livro aberto no colo, mas não lia. A mente afundara-se nas mais profundas recordações da vida passada e o corpo imóvel parecia perdido no espaço silencioso. Imagens perdidas e deslocadas passavam-lhe diante dos olhos sem que as fixasse e o tempo escoou-se impiedosamente. Caiu a noite e o transe deu lugar a um sono de sonhos profundos, transformados por uma miríade de fragmentos desordenados. Acordou à luz matutina, entorpecida de encontro à vidraça fria. Esticou-se, derrubando o livro esquecido, que caiu no chão com um baque surdo; apanhou-o e pousou-o displicentemente sobre a mesinha. Estremeceu e olhou em volta. Há quanto tempo estava ali? Um suspiro exausto escapou-se-lhe dos lábios descorados quando atravessou a sala sombria e saiu para o vestíbulo. A casa estava mergulhada num silêncio vazio, enquanto do lado de fora das janelas altas o céu passava de cinzento a violeta, depois a azul pálido. Era um novo dia que a saudava, indiferente à dor da sua perda, como se lhe sussurrasse uma nova oportunidade.

Pedaços de Escrita #15






O frio de Janeiro que nos faz tremer e deseja não fazer nada; excepto, talvez, enrolarmo-nos no sofá com uma boa bebida quente, um cobertor e um livro ou dois, ou um bom filme. Mas geralmente, não é possível porque há sempre trabalho para fazer. Uma pessoa tem de se levantar, arranjar-se e enfrentar o tempo frio do inverno para ir trabalhar. A vida não devia girar só em torno do trabalho; não pode ser, caso contrário tornamo-nos todos muito infelizes. O inverno deveria ser um tempo para reflectir, para abrandar...não devia? Lá fora está tão cinzento e aborrecido, a chuva a bater nas janelas e o vento a uivar de todas as direcções! O que fazer para tornar o dia menos aborrecido? Nada ou pensar em qualquer coisa boa para fazer quando chegar a casa; afinal de contas, é só mais um dia de inverno.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

2015!





Passou-se mais um ano, repleto de leituras e releituras. 2014 foi um bom ano para o blog, com uma média de 150 visualizações por mês e só me resta esperar que 2015 seja ainda melhor! Desejo-vos um ano repleto de concretização, leituras, aventuras e boa disposição! Este ano espero trazer ainda mais novidades e que continuem a ler o blog. Bem-haja!