sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Alma Rebelde, Carla M. Soares





Esta é mais uma grande narrativa da literatura portuguesa. Leve, fluída e vibrante, prende-nos do início ao fim com a respiração suspensa. O que parecia ser a realização do costume da época, em que o máximo que as meninas de bem podiam aspirar era "fazer um bom casamento", torna-se uma inesperada história de amor e lealdade, a descoberta de que por vezes é possível escolher. As personagens são tão humanas que despertam emoções turbulentas; sobretudo os dois protagonistas, que são tão diferentes e tão iguais ao mesmo tempo! Joana foi educada para ser uma mulher passiva e obediente, embora parte da sua alma se rebele a todo o instante, a parte que ela mantém escondida a todo o custo e aquela que mais fascina Santiago, o qual não se conforma com menos do que a entrega total. No entanto é nesse mesmo casamento arranjado que Joana encontra finalmente a tão almejada liberdade e ao lado de Santiago, uma vida feliz com a qual jamais sonhara. Sem dúvida alguma uma história inspiradora para ser lida de um fôlego, vezes sem conta.

Alentejo Blue, Monica Ali





Pela primeira vez nas minhas leituras deparei-me com uma autora que escreveu uma narrativa situada em Portugal, no nosso, por vezes esquecido, Alentejo. Embora categorizada como romance, a obra assemelha-se mais a um conjunto de contos que giram em torno de personagens representativas, quer os habitantes locais, quer os estrangeiros: aqueles que sempre aí viveram e querem descobrir o mundo, aqueles que vieram na ideia de melhorar a sua vida, aqueles que estão somente de passagem; porém, todos têm os seus dilemas interiores, a sua guerra constante consigo mesmos. Muito embora a escrita de Monica Ali me tenha parecido um pouco confusa, sobretudo quando o fluxo da língua é interrompido por uma palavra ou expressão portuguesa. Contudo, trata-se de uma obra que  de algum modo retrata o nosso nostálgico Alentejo e que vale a pena ser lida e reflectida.

sábado, 9 de novembro de 2013

This is not the end of the book, Umberto Eco e Jean-Claude Carrière





Já alguma vez pensaram que um debate sobre a sobrevivência de um objecto tão comum ao nosso dia-a-dia pudesse resultar num livro bastante interessante e elucidativo? Eu também não; mas é precisamente o que acontece com esta obra, This is not the end of the book; da autoria de Jean-Philippe de Tonnac, no qual o mesmo conduz uma conversa entre Umberto Eco e Jean-Claude Carriére acerca da sobrevivência do livro como objecto face ao constante desenvolvimento tecnológico. Neste livro são discutidos temas como o fundamento do livro, a praticabilidade do livro, o desleixo da nossa memória face aos dispositivos com acesso à Internet, a divulgação desordenada de informação na Internet, etc. São formuladas diversas questões às quais não se presta a devida atenção, creio, e o modo como Eco e Carrière lhes tentam responder é o ponto de partida para a devida reflexão sobre o assunto. Irá o livro sobreviver à tecnologia? Ou acabará por desaparecer? Segundo os autores, há um conjunto de boas razões para acreditar que sim. Recomendo vivamente a leitura desta obra, independentemente da preferência pelo livro em si ou pelo livro electrónico.

O Herdeiro de Sevenwaters, Juliet Mariller






Após o desfecho de A Filha da Profecia, que fecharia a trilogia de Sevenwaters, eis que a saga continua neste emocionante quarto volume. Os eventos são narrados por Clodagh, uma das seis filhas de Lorde Sean, a qual não possuí qualquer queda para as artes mágicas, mas que detém uma enorme coragem. A paz entre os humanos e as Criaturas Encantadas é quebrada inesperadamente e, para a restaurar, Clodagh é forçada a viajar até ao outro mundo, na companhia do estranho Cathal; porém, entre estranhas revelações, Clodagh descobre que ele é, nem mais nem menos, filho do novo governante do Outro Mundo. Com as emoções ao rubro do início ao fim, O Herdeiro de Sevenwaters traz o tão aclamado regresso de uma das melhores sagas da literatura de expressão inglesa e, creio, da literatura mundial, numa fantástica demanda à procura da verdade e da redenção.

A Filha da Profecia, Juliet Marillier





 Neste terceiro volume, continuando pela linha feminina, a história da terceira geração é narrada pela perspectiva de Fainne, a filha de Niamh, a qual cresceu afastada da floresta de Sevenwaters, embora faça parte da mesma. O reaparecimento de Lady Oonagh, induz a rapariga a odiar a família de Sevenwaters; porém, Fainne descobre que pode escolher o seu próprio caminho e põe fim aos planos funestos da feiticeira. Mais uma vez, Marillier traz-nos na sua escrita fluída um turbilhão de emoções, sendo impossível ficar indiferente aos conflitos da personagem principal. Uma história fascinante que nos mostra como por vezes aquilo que precisamos para encontrar a felicidade está mesmo diante dos olhos ao deixarmos os outros entrarem no nosso mundo, percebemos que não estamos realmente sozinhos e onde o mundo humano e o Outro se unem numa batalha épica. É facilmente perceptível por que razão a saga obteve um tão grande número de admiradores em todo o mundo.

domingo, 3 de novembro de 2013

O Filho das Sombras, Juliet Marillier







Neste segundo volume, a história de Sevenwaters continua com a segunda geração, a partir da descendência de Sorcha e onde, mais uma vez, o Outro Mundo está presente e vivamente representado. Ao contrário do que possa parecer, Liadan não só é parecida com a mãe fisicamente, tal como o seu gémeo, Sean, mas também na maneira de ser e revela-se uma personagem igualmente forte. Por seu turno, a irmã mais velha, Niamh, é apenas uma rapariga bonita sem senso nenhum, cuja fragilidade se revela quase  previsível. Em certos momentos, Liadan parece ser a única capaz de manter a calma e a razão, embora se vivam tempos difíceis. No entanto, também Liadan é persistente em viver o seu grande amor e nem mesmo os "avisos" das Criaturas Encantadas a demovem de partir. As revelações sucedem-se a um ritmo alucinante e como não podia deixar de ser, a escrita fluída e marcante de Marillier desperta-nos as mais variadas emoções, passando pela comoção e pelo suspense, pela tristeza e pelo riso. Sem dúvida uma obra maravilhosa, para ler do início ao fim quase de um só fôlego.