quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Pedaços de Escrita #6






A luz dourada do fim de tarde dá-me paz, mas não acalma a ferocidade do meu coração. Anseio por uma aventura; uma longa viagem de carro com todos os seus encantos e surpresas. Anseio por encontrar o meu lugar neste mundo! Encontrei a minha voz; agora estou a tentar usá-la. Só que ninguém está a ouvir, excepto tu, meu amor. Tu és o único que me incentiva, dizendo para não desistir e continuar a tentar. Mais fácil dizer do que fazer, querido; Eu tenho lutado desde a madrugada da minha vida e nunca parei, nem por um pequeno instante e agora preciso de dormir. Vem, deita-te comigo, abraça-me e murmura-me uma canção de embalar até adormecermos! Não quero sonhar, quero viver como nunca antes vivi, quero ser verdadeiramente feliz! Libertar-me de todas as convenções e ideias feitas, libertar-me de toda a tristeza, doença e sofrimento! E quero fazer tudo isto contigo, amor! Por isso, vem e voa comigo no céu crepuscular; perseguiremos a nossa liberdade e construiremos a nossa felicidade no fim do arco-íris!

Early Irish Myth and Sagas, Jeffrey Gantz





Quando pensamos em histórias, quando as ouvimos ou contamos, nem sempre nos lembramos de onde vieram, qual a sua origem. As tradições de story-telling são mais que muitas na Europa e muitas delas misturam-se consequentemente. Uma das mais ricas é, sem dúvida, a tradição irlandesa, que remonta aos Celtas; uma tradição rica e vibrante, cujos contos provêm em grande parte da tradição oral e alguns deles têm mais do que uma versão. Gantz juntou neste volume alguns dos mais conhecidos e emblemáticos, onde a história e o o mito se fundem, sem que realmente se distingam um do outro. Foi uma leitura obrigatória na faculdade, durante o meu ano de Erasmus, e que gostei muito, porque me ensinou algo mais sobre a importância do conto na literatura.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

O Rapaz do Pijama às Riscas, John Boyne






Baseada numa das épocas mais chocantes da história da humanidade, esta pequena obra de John Boyne apresenta-nos a história de Bruno e Shmuel, cuja inocência e esperança ultrapassam (em certo ponto) as barreiras da crueldade de uma nação. Esta narrativa procura mostrar-nos que coisas tão simples como a empatia natural entre duas crianças da mesma idade, poderiam eventualmente existir em pleno horror da II guerra mundial, altura em que todos os valores humanos foram suprimidos em prole de ideais genocidas. Não foi das melhores leituras que tive, sobretudo pelo contexto em que se insere, mas creio que serve de exemplo como a natureza humana se distorce pelas razões erradas e que, como sociedade, devemos procurar que estas situações não se repitam e tentar construir uma sociedade melhor para as próximas gerações.

How Language Works, David Crystal





Li este livro para uma cadeira obrigatória na faculdade e achei-o bastante interessante. Sim, é uma leitura bastante diferente do costume, mas a verdade é que se não fosse a linguagem, como é que comunicaríamos? Crystal explica de forma concisa e fácil de entender, de que forma funciona a linguagem humana, que é a nossa principal ferramenta de comunicação uns com os outros, a forma como se vai desenvolvendo na primeira infância, e tudo o mais a ela adjacente. É uma leitura que aconselho a titulo de curiosidade.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Pedaços de Escrita #5






O sol da manhã sobre o rio é uma bela visão da ponte. Mas hoje o céu está cinzento-escuro e chove com força. Bem, pelo menos a chuva parece ter vindo na altura certa; apenas o ar continua tão quente. Vejo pela janela as pessoas a descerem e subirem a rua com os guarda-chuvas a protegerem-lhes a cabeça. Tento escrever, mas sinto-me com preguiça para o fazer. Talvez amanhã ou no dia seguinte ou talvez esta noite, quem sabe. Entretanto o mundo segue o seu curso e eu espero que a adrenalina venha e me faça escrever numa fúria quase sem parar.

Pedaços de Escrita #4






Um murmúrio no vento, um arrepio pela espinha acima! É rápido e lento ao mesmo tempo. Breve e persistente. Como é, que forma tem, não sei. Só sei que me chama de longe, como de dentro das memórias de um sonho ou de um sonho dentro de um sonho. A princípio fingi não ouvir a incessante cantilena; mas um não-sei-quê de curiosidade despertou em mim e larguei tudo. O conhecimento prévio ficou momentaneamente esquecido e à minha frente estendia-se o mundo por descobrir! A aventura foi breve, mas valeu a pena, só para ter aquela sensação de descobrir o que já sabia, de encontrar o inesperado a cada dia e poder sonhar de olhos abertos ao olhar pela janela.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Pedaços de Escrita#3






- Basta um salto de fé - disse me ele, muito gentilmente.
- Bem, eu ainda não estou pronta para dar esse salto - foi a minha resposta.
- Porquê?
- Porque eu não tenho fé suficiente - disse eu, olhando para o outro lado.
- Não faz mal, tê-la-às quando for o momento - disse ele a sorrir.
- Como é que tu sabes?
- Sei.
E permanecemos em silêncio, olhando um para o outro. Então os nossos dedos entrelaçaram-se, assegurando-me que correrá tudo bem.

Pedaços de Escrita #2






- Posso dançar no teu coração e colar-me à tua alma? - perguntou-me a menina.
- Como assim? - disse eu confuso.
- Oh, tu sabes, ficar contigo para sempre - disse ela, os olhos muito brilhantes.
- Sim, podes - sorri eu - Mas tu já lá estás, no meu coração.
- Estou?
- Estás.
Ela sorriu em resposta, riu sonoramente e correu para o pôr-do-sol. Depois simplesmente parou, agarrou a minha mão e caminhámos junto para casa.

Pedaços de Escrita #1





Escrever é algo complexo e nem sempre funciona de acordo com a vontade do escritor. Tem a sua própria forma de desenvolvimento, umas vezes rápido, outras vezes lentamente. Mas no fim alcança o objectivo, nem sempre na perfeição. Escrever é uma arte, um dom que apenas alguns sabem como usar. É algo que requer treino e esse treino é feito através da escrita, corte, reescrita e leitura. Oh, sim, a leitura é a base primeira do processo, porque através da leitura o vocabulário é melhorado e consequentemente a escrita. Assim que este processo começa, melhor o escritor se torna.

O escritor, muitas vezes incompreendido, é aquele que detém o dom das palavras. Conhece-as, abraça-as, usa-as como forma de contar histórias, escrever poesia, pensamentos ou ideologias, com o intuito de fazer as pessoas pensarem sobre o que as rodeia e olhar para a vida de um ponto de vista diferente. O escritor está preparado para lidar com o, frequentemente, frustrante mas também maravilhoso processo de escrever. Pode ser frustrante, porque a inspiração é uma criatura rara que não se deixa apanhar facilmente e o escritor tem de esperar que ela apareça e seja favorável aos seus propósitos. Além disso, a mente do escritor pode ser vista como estranha, excêntrica ou até confusa e incompreensível para as pessoas. Mas é isso que torna o escritor diferente das pessoas comuns e enquanto os outros continuam a queixar-se de quão aborrecidas e "normais" as suas vidas são, o escritor vive em muitos mundos ao mesmo tempo.

Por isso, toda a gente tem o seu dom ou arte especial que provavelmente aguarda para ser descoberto e trabalhado para que o mundo o possa ver. O meu é a escrita e através dele, deixo o meu legado em palavras. Eu sou uma escritora com imaginação ilimitada, vivo com um pé na realidade e outro noutro lado qualquer e a sonhar de olhos abertos; tenho uma mente naturalmente caprichosa. Tenho a liberdade de ser excêntrica, porque sou uma criadora de mundos e todo o processo de criação é excêntrico.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Entre o Agora e o Nunca, J. A. Redmerski





Quantas vezes imaginamos como seria bom fugir do quotidiano rotineiro que a sociedade nos impõe e viver de acordo com a nossa liberdade? Viajar simplesmente sem destino, ir onde a vida nos levar? Não tenho palavras para descrever este livro! É pura e simplesmente uma excelente narrativa, impossível de pousar por um só segundo, e arrebatadora desde o início ao fim. A caracterização dos protagonistas é perfeita e o enredo desperta-nos as mais variadas emoções. Uma história que fala de amor, erotismo, lealdade e identidade de uma forma directa e vivida, a relação entre duas pessoas que à partida, nada têm a ver uma com a outra, mas que se cruzam por força do destino e que não desistem uma da outra, mesmo quando a vida lhes tenta trocar as voltas. É sem dúvida uma excelente narrativa para reler vezes sem conta.