quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Pedaços de Escrita #9






Há muito que o Verão terminou, mas ainda não é Inverno. É aquela altura intermédia, necessária à transição da luz e som e ventos mornos para o silêncio calmo e meditativo, o tempo da transformação. É o chamado Outono; aquela altura quando as folhas das árvores passam do verde ao amarelo, laranja e vermelho e o tempo arrefece; é tempo de chocolate quente e chá, camisolas, luvas e meias quentes; o sol assemelha-se a nada menos do que a chama de uma vela e a escuridão cobre o mundo tão cedo que nos deixa sonolentos.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Pedaços de Escrita #8





Não tenhas medo da vida, tem medo de não a viver. Não há céu sem tempestades, nem caminhos sem acidentes. Só é digno do pódio quem usa as derrotas para o alcançar. Só é digno da sabedoria que usa as lágrimas para a irrigar. As pessoas frágeis usam a força; as fortes a inteligência. Sê um sonhador, mas une os teus sonhos à disciplina, pois sonhos sem disciplina produzem pessoas frustradas. Debate ideias. Luta pelo que amas.

(August Cury, Filhos Brilhantes, Alunos Fascinantes)

domingo, 19 de outubro de 2014

Complete Fairy Tales of Oscar Wilde





Lidos pela primeira vez na integra, os nove contos que compõem as colectâneas  The Happy Prince and Other Tales e A House of Pomegranates, de Oscar Wilde, transmitem uma ideia muito clara de que não se tratam de meros contos de fadas. São profundamente irónicos e subversivos, constituindo uma forte crítica social ao falso moralismo da sociedade victoriana do séc. XIX; exercendo também um forte sentido estético. Consequentemente, e como o próprio Wilde afirmou, estes contos foram escritos parcialmente para crianças e parcialmente para aqueles que não perderam as capacidades infantis da maravilha e da alegria; divergindo propositadamente do "Era uma vez" e do "Viveram felizes para sempre" a que nos habituámos na infância. Por outro lado, estes contos estão impregnados por um imaginário católico muito evidente que contribui para o sentido da narrativa. Independentemente de toda a especulação em torno de certos aspectos da vida do autor, que segundo muitos críticos se reflectem nos contos, considero que existe uma vasto leque de interpretações que se podem fazer destas narrativas, por exemplo, se a designação de Fairy Tales será a mais correcta, tendo em conta a natureza dos mesmos? Experimentem lê-los e julguem vocês mesmos.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Pedaços de Escrita #7






Contos de Fadas; esta simples expressão, que está sempre associada com o "Era Uma Vez" e "Viveram Felizes para Sempre", carrega um significado muito mais profundo do que aquele que lhe é popularmente atribuído. Povoam os nossos sonhos de infância, proporcionam-nos um sentimento de familiaridade; provocam-nos um fascínio electrificante de cada vez que os ouvíamos. Mas os tão amados Contos de Fadas não eram, de todo, destinados a crianças na sua forma original; na verdade, só ganharam essa particularidade na transição do século XVIII para o século XIX, altura em que o conto se afirmou como género. Lembro-me de ouvir (e ler) muitos deles sob diferentes formas e mesmo tanto tempo depois da infância, continuo a sentir o mesmo deslumbramento, embora os leia e observe num outro ângulo, com o conhecimento do que se esconde sob a superfície dos Contos de Fadas: múltiplas interpretações de significados, múltiplas hipóteses de leitura, múltiplas possibilidades; uma forma de arte literária que deu nome a grandes nomes da literatura europeia e que se mantêm tão fascinantes como quando foram transcritos para o papel. E como foi dito uma vez: os contos de fadas foram escritos "em parte para as crianças, em parte para aqueles que mantiveram as faculdades infantis da maravilha e da alegria".