segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

A Menina Que Fazia Nevar, Grace McCleen






Se me pedissem para descrever este livro em poucas palavras eu responderia que é simplesmente uma ternura! Sim, isso mesmo, achei-o ternurento no modo como Judith observa o que a rodeia e lida com o lhe sucede diariamente. Uma narrativa diferente e inspiradora sobre a perspectiva de uma menina de dez anos cuja relação com o pai não é das melhores, mas acaba por melhorar. O fervor religioso a que Judith se acostumara leva-a a acreditar piamente que existirá um novo mundo, sendo ela uma menina que se entretém a construir um mundo em miniatura a que chama Terra de Leite e Mel. Quando esse mesmo fervor é finalmente posto de lado por ambos, quando a fé deixa de ser o centro do seu quotidiano, a sua relação com o pai começa a melhorar. Por outro lado, o bullying que sofre na escola é de alguma forma atenuado e  entende-se que deriva de maus ambientes familiares. Uma leitura reflexiva e tocante que prende do início ao fim e que nos faz questionar seriamente sobre o fanatismo religioso que ainda hoje encontramos em populações mais pequenas, bem como sobre o efeito do mesmo em crianças como Judith.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

A Voz da Terra, Miguel Real






Forte, fluída e simples, num estilo semelhante ao de Saramago, uma narrativa histórica diferente que narra uma das maiores catástrofes da nossa história. A Voz da Terra narra a passagem do fanatismo religioso absurdo que se vivia em Portugal no século XVIII para o racionalismo europeu, para abertura de Lisboa ao modernismo da época. No entanto, as personagens com que o leitor se depara são, na minha opinião, um tanto ou quanto estereotipadas, embora a ironia do autor não seja assim tão directa, mas que são bastante humana, sobretudo o protagonista. Mesmo não sendo o meu género favorito, e apesar das excessivas reflexões religiosas, confesso que é um boa leitura.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Mansfield Park, Jane Austen





Mansfield Park é uma obra um tanto ou quanto diferente, uma vez que aqui, a autora apresenta um mundo superficialmente atractivo e sucede em tornar os Crawfords encantadores antes de o leitor os julgar, ao passo que os Bertrams são despojados de encanto, mas reflectem elegância e ao mesmo tempo os defeitos de carácter individual. No que respeita à heroína, Fanny Price, a sua personalidade mantém-se inalterada, apesar de a mesma se encontrar no meio de dois mundos diferentes, isto é, não pertencer nem à realidade dos Price nem à dos Bertrams. É possível afirmar que a sossegada e aparentemente desinteressante Fanny foi o meio através do qual a autora resolveu expor o outro lado do mundo glamoroso da aristocracia. Todos estes aspectos contribuíram para o prestígio que este romance obteve, cuja protagonista se mantém fiel aos seus princípios e se torna um exemplo para todos os outros, apesar de somente com o tempo lhe ser dado o reconhecimento devido. Mais uma vez, uma leitura leve e divertida para quem gosta da autora, que de forma muito própria expõe os defeitos característicos da mentalidade da sociedade da época.