terça-feira, 31 de março de 2015

Perto de 20 contos inéditos de Pessoa publicados quinta-feira!





Durante as minhas deambulações matinais encontrei esta notícia no DN online. Estudei Fernando Pessoa na escola, mas tinha ideia de que ele apenas tinha escrito poesia; afinal também se dedicou à prosa, o que não deixa de ser uma ideia interessante, visto que a mente deste autor trabalhava a mil à hora e dado o seu estilo tão peculiar. São poucos os autores portugueses que leio, e sendo a escrita de Pessoa tão elaborada, não é surpresa nenhuma que seja difícil de entender; porém, confesso que fiquei curiosa acerca destes contos inéditos, ainda por cima tendo em conta que foi publicado muito pouca coisa da sua obra. De qualquer modo, deixo-vos aqui o link: Perto de 20 contos inéditos de Pessoa publicados quinta-feira - Artes - DN
Votos de continuação de boas leituras e bem-haja!

segunda-feira, 30 de março de 2015

Pedaços de Escrita #23






Ele ainda trabalhava, mesmo à luz da vela, a faca talhando a madeira de uma maneira rítmica e precisa; por isso ela deixou-se ficar muito quieta enquanto continuava a escrever, a pena de escrever deslizando sobre o papel com uma precisão carinhosa. Os seus olhos encontraram-se de vez em quando e eles sorriam, sob o encantamento do amor. Finalmente pousaram ambos o seu trabalho, apagaram as velas e atravessaram a casa em silêncio. Amaram-se a noite toda, na expressão mais perfeita da sua paixão. A manhã ergueu-se, encontrando-os abraçados em braços um do outro, sustendo o momento tanto quanto possível na profundeza dos seus espíritos, perdidos na consciência da ternura e do amor. O silêncio mudo permaneceu enquanto os pássaros cantavam e o sol entrou timidamente no quarto, conferindo-lhe um brilho dourado.

segunda-feira, 23 de março de 2015

O Amor da Tua Vida, Cecelia Ahern





É raro conseguir ler dois livros do mesmo autor de seguida, mas consegui esse feito. Neste livro, Cecelia Ahern narra uma história comovente e enternecedora sobre as surpresas e as fatalidades da vida.  Na sua escrita simples e fluída, a autora passa-nos uma mensagem clara: às vezes, quando procuramos ajudar os outros, temos de nos ajudar a nós próprios primeiro, ultrapassar os nossos próprios medos, e só podemos ajudar quem realmente queira ser ajudado. Além disso, devemos sempre amar a vida, procurando vive-la o mais intensamente que conseguirmos e em conformidade com aquilo que nos faz felizes. Simplesmente adorei e mal consegui pousá-lo antes de chegar ao emocionante desenlace, pois aquilo que inicialmente parecia ser uma impossível reconciliação com a vida, acabou por se tornar numa nova oportunidade para ambos os protagonistas.

domingo, 15 de março de 2015

Para Sempre, Talvez, Cecelia Ahern





Finalmente, li o segundo romance de Cecelia Ahern! Este estava mesmo à muito tempo na minha lista de "para ler". Em forma epistolar (cartas, e-mails, mensagens, bilhetes) a autora narra a história de Alex e Rosie, melhores amigos desde sempre, e o modo como a vida parece querer juntá-los e separá-los ao mesmo tempo, mas o destino acaba por levar a melhor, apesar de tantas aventuras e desventuras. Este romance detém o enredo mais frustrante de todos os que Ahern já criou, com tantos mal-entendidos e desentendimentos, combinados com divertimento e lágrimas. Esta história prova que a vida acontece da forma mais inesperada possível, por mais que a tentemos planear, e que desistir não é a melhor opção, porque o que tiver de acontecer, acontece. Espero que pensem nisto e considerem ler este livro, apesar de ter estreado o filme há algum tempo.

quinta-feira, 12 de março de 2015

Pedaços de Escrita #22





A essência da vida é um mistério, muitas vezes procurada em vão e encontrada por acaso, mas sempre indecifrável. São tantas as vezes que nos questionamos sobre ela e depois percebemos que é tão simples; se estivermos atentos. Os seus caminhos tortuosos, os becos sem saída, os altos e baixos, as expectativas, as surpresas inesperadas, tudo o que a constituí torna-nos mais fortes, faz-nos crescer, ensina-nos a viver verdadeiramente sem medo, sem planos, sem desilusões, aceitando o que pode ser, fazendo acontecer, sem depender das expectativas ou opiniões de outrem. A essência da vida somos nós que a construímos passo a passo, vivendo com a experiência de cada situação, cada erro e cada decisão. E verdade seja dita, só se vive uma vez - YOLO!

Pedaços de Escrita #21







O silêncio opressivo que não a deixava respirar, o turbilhão de ideias que não a deixava pensar. Há quanto tempo estaria ali, quieta como uma estátua, apoiada no parapeito? Pareceu-lhe passar uma eternidade antes de conseguir mexer-se e recuar. Mas por mais que tentasse esquecer, as palavras borbulhavam-lhe na mente sem cessar e sem qualquer sentido. Imagens desordenadas formaram-se na sua consciência, passado, presente e futuro misturando-se  ao acaso. Não dormiria nessa noite, como acontecera tantas vezes antes quando se sentia agitada por pensamentos indesejados; acontecia com demasiada frequência, mas que fazer, se não havia ninguém que a ouvisse, se estava sozinha? Completamente sozinha, naquele silêncio pesado, sem o conforto de um carinho, de um abraço, de uma voz amiga; trancada e esquecida, sem que nada tivesse feito para tal castigo. Deitada sobre a coberta clara, soltou um longo suspirou e murmurou uma velha canção de embalar, deixando correr as lágrimas que já não conseguia reprimir e quando os laivos cinzentos da madrugada se insinuaram no quarto, fechou os olhos, caindo num sono profundo, povoado por sonos revoltados que não conseguia contrariar.

sexta-feira, 6 de março de 2015

Pedaços de Escrita #20






Vivemos numa era de tendências. Não somente a tendência da moda e da tecnologia, mas também tendências negativas socialmente, porque há muito tempo que deixámos de agir correctamente para com aqueles que nos rodeiam, e olhamos obcessivamente para o imediato sem sequer pensar nas consequências. Estamos tão habituados a ter tudo à distância de um clique, que já não sabemos viver sem a tecnologia, cujas inovações se modificam tão rapidamente que se torna impossível acompanhá-las. Olhamos para as pessoas, mas não as vemos, as conversas estão reduzidas a mensagens instantâneas e SMS, já não há calor humano.
No fundo complicámos o que era simples, não quisemos ver o que estava mesmo debaixo do nosso nariz, prendemo-nos a uma realidade que nos traz mais dissabores do que alegrias, porque escolhemos fechar os olhos à simplicidade da vida. Cada vez queremos mais e mais coisas de que nem sempre precisamos e denegrimos aquilo que realmente importa: o afecto, a companhia, o ter um tecto e comida na mesa, a preservação do nosso património e identidade cultural.
O progresso é importante, sim, mas devíamos abrandar e olhar para o que existe à nossa volta e pensar bem antes de agir, aproveitar o momento em conformidade com o que nos deixa realmente felizes, dar valor àquilo que temos e às pessoas que fazem parte da nossa vida e que nos querem nas delas, cooperar mais uns com os outros e retribuir os bons sentimentos em vez dos maus. Talvez assim seja possível reparar algum do estrago social que existe, mas sobretudo o que for humanamente recuperável.

terça-feira, 3 de março de 2015

Pedaços de Escrita #19






Aquelas primeiras pequenas flores, tão suaves, tão fortes, tão extraordinariamente bonitas. Começam a surgir pelos últimos dias de Fevereiro, e aí estão em pura força  e beleza, pelos primeiros dias de Março: o primeiro laivo de Primavera, o encanto da luz do dia e da natureza renascida! Começa outro círculo tão bonito como o anterior, uma vez mais cheio de promessas. Em branco e rosa vêm as pequenas flores antes das folhas verdes, a chuva brincalhona antes do sol, o vento rodopiante antes do calor; os primeiros sinais de Primavera, despertam os nossos sentidos para as coisas simples e bonitas que acontecem à nossa volta. Os pássaros cruzam o céu a cantar, os ursos acordam nas cavernas, as ovelhas dão à luz os primeiros cordeiros; é tempo de harmonia e paz. Não há nada como a chegada da Primavera!