sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

F*ck! I'm in my Twenties, Emma Koenig





Depois da minha última leitura, este pequeno livro não podia ser mais assertivo quanto à confusão que se instala na cabeça da maioria dos jovens adultos, durante e após a faculdade. Afinal o que é ser adulto? Esta é a grande questão à qual ninguém nos pode responder para além de nós próprios. E a verdade é que só descobrimos como ser adultos ao aprendermos com os nossos erros e más decisões. No fundo, o grande "drama" dos 20s é o facto de despertarmos da noção fantasiosa e infantil sobre o que é ser adulto, uma vez que é quando nos deparamos com a realidade em primeira mão. Acho que a Emma acabou, eventualmente, por ultrapassar a sua autocomiseração, embora com muito esforço. Somos todos diferentes e não me sinto exactamente como ela, mas compreendo a frustração e a irritação que descreve em alguns episódios, porque continuo a sentir-me como uma miúda e interrogo-me frequentemente: "O que estou eu a fazer?". Em suma, creio que ninguém (ou quase) da minha geração saiba exactamente o que está a fazer ou que se sinta totalmente realizado aos 20 anos. Resta-nos ir vivendo um dia de cada vez e fazer o melhor que somos capazes para sermos felizes. 

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Robinson Crusoe, Daniel Defoe





Este começou por ser mais uma das minhas leituras obrigatórias da faculdade e, como tal, acabou por perder o interesse na altura. Mas como os clássicos são sempre os clássicos, achei que estava na altura de lhe dar uma oportunidade. Não é mau, mas também não acho que seja um ex-libris literário. Aquilo que começa por ser um acto de rebeldia e aventura, rapidamente se transforma numa longa penitência. Contudo, o protagonista contorna a sua situação desesperada numa vida razoavelmente confortável, inventando e construindo quase tudo de raiz. Robinson torna-se caçador, agricultor, construtor, pastor, etc., para poder sobreviver na ilha. Além disso, o passar dos anos torna-o cauteloso, mas não elimina a esperança de uma dia sair da ilha e quando se lhe apresenta essa oportunidade não hesita. É mais uma daquelas narrativas que nos mostra quão tolos corrermos o risco de ser quando somos novos e como, muitas vezes, só alcançamos o arrependimento face à impetuosidade juvenil muito mais tarde na vida. Esta história faz-me lembrar, em certa medida, a parábola do Filho Pródigo; e embora Robinson regresse a uma casa deserta após 35 anos de ausência, é capaz de reconstruir a sua vida na sociedade. Tal como ele, muitas vezes recusamos ouvir os conselhos dos mais velhos e, ao agir consoante a nossa vontade, acabamos por nos perder na ironia intrínseca da vida, cujas circunstâncias nem sempre nos cabe a nós controlar, por isso há que reflectir bem nas nossas acções e nas suas consequências.

sábado, 10 de dezembro de 2016

Reflexões #4 - Expectativa





Mais um ano que se aproxima do fim, mais um capítulo do grande livro da vida que se fecha. Mais um ano de expectativas e reviravoltas, finais e recomeços. Gostaria de poder dizer que se tratou de um grande ano, mas não estaria a ser sincera, porque esteve muito longe de ser perfeito. Claro que não existem anos perfeitos, mas existem anos bons e, apesar de tudo, posso dizer que este foi um ano razoável.

Por hábito ou por tradição, Dezembro é sempre um mês propício a reflexões e introspecções. Por isso, vejamos: este poderia ter sido um ano melhor para o blog se eu tivesse tido a oportunidade de ler e escrever mais; e no âmbito geral poderia ter sido um ano melhor se eu tivesse feito tudo o que desejava ter feito, o que é um grande "se", porque a vida é feita de contrariedades, as quais nem sempre podemos controlar, pelo que devemos aprender a viver com as escolhas que fazemos.

Por outro lado, a generalidade das pessoas esquece-se do que é realmente importante, vendo esta altura como uma mera oportunidade para dar aso à sua tendência materialista. É nesta altura que mais se reflecte a crise de valores que a nossa sociedade atravessa. A questão é que todos falam, mas ninguém age, ninguém puxa pela mudança e a mudança não chega. Ninguém põe quanto é no mínimo que faz e, por isso, ficamos entregues a este marasmo capitalista.

Nos dias que correm existe muito pouco espírito natalício, sobretudo nas grandes áreas urbanas, o que se traduz no consumismo exagerado que presenciamos durante este último mês do ano. Já ninguém se recorda ou mantém as tradições, transformando o Natal numa coisa impessoal, quando esta devia ser a altura mais reconfortante, familiar e pessoal do ano. E se Dezembro traz a indolência do Inverno, a inactividade, o excesso materialista, traz também a ténue esperança de que o ano seguinte seja melhor que o ano corrente. Oxalá que seja!