quinta-feira, 19 de maio de 2016

Pedaços de Escrita #47





A cidade foi outrora dos escritores. Daqueles que faziam vida de café e manipulavam o que viam para o transformar no seu trabalho. Agora os cafés enchem-se de turistas e quase não se vêem escritores nas ruas. É isso que faz falta, porque os turistas só contribuem para a economia. Os escritores deviam poder andar por aí, a alimentar a criatividade com os ecos que observam na cidade, porque são eles quem os vê. Os escritores deviam ser livres de explorar e conhecer o mundo a seu belo prazer e não confinados a um qualquer escritório bafiento que lhes rouba todo o espírito criativo. Os escritores deviam ser reconhecidos pelo seu trabalho moroso que enriquece a cultura, porque são eles que compõem a sublime arte da Literatura. 

De todas as artes, a Literatura é a mais mutável e evolutiva, talvez, e os escritores evoluem com ela. É por isso que deviam voltar à "vida de café", a escrever em blocos de notas em bancos de jardim, e nunca deixar de alimentar a sua criatividade. Deviam ser sempre reconhecidos pela sua arte literária, seja qual for a forma em que esta se manifeste. Importa que a Literatura seja de novo vista como a mais nobre de todas as artes, porque a arte de contar histórias é inerente à sociedade humana e seria desastroso perder essa arte. É tempo de os escritores serem livres para escrever, para usufruírem da sua vida ao seu gosto e ritmo, para experienciarem e saborearem, para conhecer e para se reencontrarem. É tempo de os escritores mostrarem que estão vivos!

sexta-feira, 13 de maio de 2016

O Lago dos Sonhos, Juliet Marillier





Juliet Marillier nunca deixa de me surpreender a cada narrativa. A série de Sevenwaters e a trilogia Shadowfell arrebataram-me de uma forma que não sei explicar e, agora, Blackthorn & Grim tira-me novamente o fôlego. Correndo o risco de me tornar repetitiva, devo dizer que a capacidade de variedade que a autora demonstra ao construir histórias tão diferentes umas das outras é extraordinária, todas repletas de mistério e intriga e personagens fortes e carismáticas. Blackthorn é uma mulher adulta que se tornou amarga perante as circunstâncias da vida e Grim um homem forte, mas perdido; é na companhia um do outro que empreendem a viagem até à misteriosa Floresta dos Sonhos, em Dalriada. Uma narrativa forte, que se desenrola fluidamente em torno de um tema sério: os abusos e maus tratos dos quais muitas mulheres sofrem em silêncio; ainda assim, uma leitura empolgante e impossível de pousar antes de chegar ao fim.