terça-feira, 19 de março de 2013

Persuasion, Jane Austen





Para quem gosta de literatura do género, Jane Austen deve constar na lista. Com a escrita característica de uma das primeiras escritoras inglesas do século XIX, em Persuasion, Austen apresenta-nos a história de um romance que à partida parece não ter futuro. Acontece que Anne não se enquadra no género de jovem impulsiva; é ponderada, calma, mas um tanto ou quanto ignorada na própria família. O seu carácter passivo inspira empatia, mas é também algo exasperante, pois a mesma representa a filha obediente, que não contesta o que lhe é dito. Porém, é possível entender por que razão a protagonista age dessa forma, pois aquando do seu enlace com Frederick Wentworth, o mesmo não tinha quaisquer posses, o que pesava contra ele face ao julgamento de Sir Walter Elliot. E quando vê negado o consentimento paterno e a aprovação da grande amiga da sua mãe, Anne rompe o noivado com Frederick Wenthworth, um jovem sem conexões sociais e somente ele próprio como recomendação. Os dois reencontram-se ao fim oito anos, por força das circunstâncias, mas também aqui Austen parece conduzir os acontecimentos de modo a que os protagonistas se cruzem propositadamente, com algum constrangimento e falsas interpretações de ambas as partes. No entanto, a solidez dos equívocos prende-se sobretudo pelas posições e opiniões defendidas por personagens como a sensata Lady Russel, madrinha de Anne, a snobe Elisabeth Elliot e a caprichosa e infantil Mary Musgrove, os oportunistas Mrs. Clay e William Elliot, sobrinho e possível herdeiro de Sir Walter, o despreocupado Charles Musgrove e a jovem Louisa, etc. Além disso, tal como acontece nas anteriores, a obra culmina no casamento, sendo a maior ironia de todas, creio, o facto de somente no final Wentworth perceber que os sentimentos de Anne se haviam mantido inalterados todos aqueles anos. Mais uma vez o suspense da incerteza toca o lado sensível de leitor, se o mesmo estiver disposto a isso, mostrando que mesmo quando tudo parece perdido, há sempre motivo para ter esperança.

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