terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Pedaços de Escrita #12






Era o vento frio que me fazia tremer; a rua, as casas, o chão, as árvores, tudo girava num rodopio incessante e avassalador. Deixei de ver, de ouvir, de sentir; a escuridão da noite cobriu-me e os meus olhos fecharam-se para o mundo. O silêncio oprimia-me quando acordei sem saber onde estava, caída no meio da estrada deserta, completamente sozinha. Onde estavam todos? O que acontecera? O vento levantou-se de novo e começou a nevar. Levantei-me, ainda zonza, e cambaleei pela estrada. Ergui os olhos para o céu escuro de onde caíam milhares de pontos brancos que cobriram o solo com o espesso manto branco do Inverno. Lágrimas quentes correram pelas faces e não as limpei. Segui a estrada silenciosa, sempre a tremer, sem olhar para trás. Então, uma luz rompeu a escuridão, ao longe, numa promessa de conforto. Continuei a andar, cada vez mais devagar, por entre a neve que me chegava aos tornozelos; começou tudo a rodar novamente e a minha visão turvou-se. A luz parecia afastar-se, agora pontilhada de sombras, agora brilhando alaranjada, e um apelo abafado cortou o ar da noite. Depois desmaiei no solo gelado, enquanto o vento soprava na noite escura, o silêncio deturpando-me os sentidos.

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