quinta-feira, 31 de março de 2016

Pedaços de Escrita #45





Os lobos uivam à lua, quebrando o silêncio monótono da noite. Na quietude do bosque que rodeia a cabana, uma coruja pia em aviso que vai à caça. A noite é fria na montanha, onde a beleza e o perigo andam de mãos dadas; lá em cima, nos cumes, ainda há neve, um tapete compacto que decerto encherá os riso quando derreter. O assobio cortante do vento junta-se aos uivos dos lobos, enquanto vou escrevendo, sentada numa posição esquisita junto à lareira crepitante. 

A noite é sempre melhor para escrever, porque há espaço para criar sem a interferência do reboliço quotidiano. É mais fácil trabalhar as palavras e brincar com elas com a companhia sussurrante da euforia nocturna. O texto compõe-se quase por si próprio e a mente acelera com novas ideias, urgentes, que têm de ser atendidas. Escrevo pela noite dentro, acompanhada pela sinfonia dos uivos dos lobos e do vento, enquanto a lua segue o seu caminho pelo zénite, até à hora da calmaria que antecede a aurora de um novo dia de Primavera.

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