quinta-feira, 19 de maio de 2016

Pedaços de Escrita #47





A cidade foi outrora dos escritores. Daqueles que faziam vida de café e manipulavam o que viam para o transformar no seu trabalho. Agora os cafés enchem-se de turistas e quase não se vêem escritores nas ruas. É isso que faz falta, porque os turistas só contribuem para a economia. Os escritores deviam poder andar por aí, a alimentar a criatividade com os ecos que observam na cidade, porque são eles quem os vê. Os escritores deviam ser livres de explorar e conhecer o mundo a seu belo prazer e não confinados a um qualquer escritório bafiento que lhes rouba todo o espírito criativo. Os escritores deviam ser reconhecidos pelo seu trabalho moroso que enriquece a cultura, porque são eles que compõem a sublime arte da Literatura. 

De todas as artes, a Literatura é a mais mutável e evolutiva, talvez, e os escritores evoluem com ela. É por isso que deviam voltar à "vida de café", a escrever em blocos de notas em bancos de jardim, e nunca deixar de alimentar a sua criatividade. Deviam ser sempre reconhecidos pela sua arte literária, seja qual for a forma em que esta se manifeste. Importa que a Literatura seja de novo vista como a mais nobre de todas as artes, porque a arte de contar histórias é inerente à sociedade humana e seria desastroso perder essa arte. É tempo de os escritores serem livres para escrever, para usufruírem da sua vida ao seu gosto e ritmo, para experienciarem e saborearem, para conhecer e para se reencontrarem. É tempo de os escritores mostrarem que estão vivos!

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