quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Obrigada pelas Recordações, Cecelia Ahern





Mais uma vez, Cecelia Ahern esmerou-se na elaboração deste romance, onde o real e o imaginário se cruzam sempre da maneira característica da autora. O que acontece a Joyce podia acontecer a qualquer pessoa, se uma transfusão se sangue foi mais do que o que realmente é. Como é seu hábito, Ahern faz-nos sentir um turbilhão de emoções com cada um dos seus romances, mas sempre diferencia as lições a tirar de cada história; aqui, diria que talvez nem sempre uma coincidência seja só uma coincidência e por vezes, as oportunidades pela quais ansiamos se encontrem mesmo debaixo do nosso nariz e compete-nos a nós, não as desperdiçar. Há ainda outra coisa que considero importante reter, que é o facto de que na maior parte das vezes, estamos de tal modo agarrados ao que conhecemos e sabemos estar mal, que nos falta a coragem de enveredar por outro caminho, visto que as situações dolorosas são muito difíceis de enfrentar e quando nada quotidiano faz sentido, tentamos tirar sentido de coisas quase impossíveis de acontecer. Esta autora tem o dom de continuar a surpreender-me e cada vez aprecio mais a sua escrita fluída e leve, que proporciona uma leitura descomprimida, mesmo referindo assuntos tão sérios que fazem parte do nosso quotidiano enquanto pessoas.

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