quinta-feira, 12 de março de 2015

Pedaços de Escrita #21







O silêncio opressivo que não a deixava respirar, o turbilhão de ideias que não a deixava pensar. Há quanto tempo estaria ali, quieta como uma estátua, apoiada no parapeito? Pareceu-lhe passar uma eternidade antes de conseguir mexer-se e recuar. Mas por mais que tentasse esquecer, as palavras borbulhavam-lhe na mente sem cessar e sem qualquer sentido. Imagens desordenadas formaram-se na sua consciência, passado, presente e futuro misturando-se  ao acaso. Não dormiria nessa noite, como acontecera tantas vezes antes quando se sentia agitada por pensamentos indesejados; acontecia com demasiada frequência, mas que fazer, se não havia ninguém que a ouvisse, se estava sozinha? Completamente sozinha, naquele silêncio pesado, sem o conforto de um carinho, de um abraço, de uma voz amiga; trancada e esquecida, sem que nada tivesse feito para tal castigo. Deitada sobre a coberta clara, soltou um longo suspirou e murmurou uma velha canção de embalar, deixando correr as lágrimas que já não conseguia reprimir e quando os laivos cinzentos da madrugada se insinuaram no quarto, fechou os olhos, caindo num sono profundo, povoado por sonos revoltados que não conseguia contrariar.

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