terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Reflexões #13 - Tolerância e Superação





Desde há uns anos para cá que esta quadra perdeu alguma da sua magia natural. Talvez porque crescer implica ver as pessoas como elas realmente são, ou talvez porque somos naturalmente incapazes de aceitar todas as circunstâncias em que certas situações se desenrolam. A verdade é que, de modo geral, somos todos muito mais intolerantes do que temos coragem de admitir. E esta é a altura perfeita para falar de tolerância, muito embora eu acredite que a devemos pôr em prática sempre que possível.

Por falar em tolerância, lembrei-me recentemente de um dos meus livros preferidos, A História de Uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar, de Luís Sepúlveda, que após tantos anos depois da primeira leitura (acabei de o ler pela quarta vez!), continua a fazer todo o sentido, não só porque nos ensina a importância de aceitar o outro tal como é, como também a superarmos os nossos receios e dificuldades de coração. A minha parte preferida é quando Zorbas, o gato, assegura a Ditosa, a gaivota, que ser diferente não é algo necessariamente mau, porque é importante para nos lembrar que todos temos virtudes e defeitos, pontos fortes e pontos fracos:

Queremos-te gaivota. Sentimos que gostas de nós, que somos teus amigos, a tua família, e é bom que saibas que contigo aprendemos uma coisa que nos enche de orgulho: aprendemos a apreciar, a respeitar e a gostar de um ser diferente. É muito fácil aceitar e gostar dos que são iguais a nós, mas fazê-lo com alguém diferente é muito difícil, e tu ajudaste-nos a consegui-lo.
Zorbas, in A História de Uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar, Luís Sepúlveda.

Vi-me confrontada, aos onze ou doze anos, com uma das mais importantes e duras lições que alguma vez aprendi com um livro, porque é algo muito complicado de pôr em prática. Primeiro, porque a sociedade em que vivemos nos afasta constantemente do outro ao tornar-nos consumistas e egocêntricos, levando-nos a esquecer aquilo que mais importa: ao amor, a  amizade, o carinho, a coragem para fazer a diferença na vida daqueles que nos rodeiam e sermos a nossa própria mudança. Segundo porque vivemos presos ao medo de arriscar e vivermos de acordo com as nossas convicções.

Não sei se alguma destas questões será respondida ou tida em consideração, mas sei que há sempre uma razão pela qual um livro nos marca. Este marcou-me pela delicadeza e frontalidade com que são tratados os temas da tolerância e da superação. E porque esta quadra não é só comer, beber, trocar presentes, há que reflectir, ter compaixão, ser tolerante e saber perdoar; mas sobretudo, lembrarmo-nos de que não estamos sozinhos no mundo, que o outro também faz parte da nossa história, seja de que maneira for, porque a vida é mesmo assim, feita de experiências boas a más, mas acima de tudo, é para ser vivada. Atrevam-se a viver!

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