quarta-feira, 27 de maio de 2015

Pedaços de Escrita #27






A minha filha usava laços cor-de-rosa no cabelo, num tom suave igual ao do vestido de Verão, chicoteado pelo vento enquanto ela corria pela relva de pés descalços. As suas gargalhadas infantis ecoavam no ar morno da tarde, o cabelo cor-de-mel um estandarte de liberdade e os olhos azuis brilhantes de felicidade. À nossa volta, na copa das árvores, os pássaros chilreavam e o vento restolhava; Eu estava sentada sobre o cobertor multicolorido enquanto observava a nossa pequenina a desfrutar da sua inocência. Fechei os olhos por um momento e, então, ali estava ela, mesmo à minha frente, de sorriso arreganhado:
- Mamã? Toma!
E estendeu o braço para mim, largando-me no colo um raminho de flores silvestres. Sorri-lhe, cheirei as flores e disse-lhe que eram bonitas. O seu sorriso abriu-se ainda mais e ela plantou me um beijo na face, para depois desatar a correr outra vez, qual cabrito tresmalhado. Comecei a entrançar as flores e ao fim de algum tempo tinha duas tiaras primaveris no meu colo. A minha pequenina cansou-se de correr e veio sentar-se junto de mim; pus-lhe uma tiara na cabeça e a outra na minha e sorrimos uma à outra. Depois ficamos em silêncio, à espera. Quase ao crepúsculo, ele veio ao nosso encontro, reunimos o cobertor e fomos para casa. 

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