terça-feira, 19 de julho de 2016

Pedaçõs de Escrita #49





O grito ecoa na escarpa nua, um som indefinido, que não é nem de dor nem de júbilo. Nada se ouve para além do trovejar do mar a bater nas fragas. E nada se revolta na quietude da floresta imersa em sombras. A aridez da encosta rochosa contrasta fortemente com a mescla colorida do azul profundo do mar e do verde luxuriante da floresta.

A areia da praia é branca e fina como farinha e a rebentação um murmúrio bem-vindo, na hora da calmaria que vai passando, enquanto a luz muda de uma luminosidade branca para a luz dourada da tarde que ilumina e aquece a memória das coisas boas e felizes. O vento eleva-se, fazendo crescer o ribombar das ondas a quebrarem-se na praia.

As gaivotas gritam entre si, voando em bando, e o grito quebra de novo o silêncio da paisagem harmoniosa. Ecoa nas rochas e perde-se no vazio, mas, de repente, outro grito incerto responde ao primeiro e as duas almas perdidas reencontram-se sob a fina e translúcida luz crepuscular que cobre a praia à hora do ocaso.

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