sábado, 27 de janeiro de 2018

O Livreiro de Paris, Nina George





Há livros que, efectivamente, nos surpreendem. Este surpreendeu-me por não ser a expectável história romântica que o leitor espera encontrar numa obra do género. Trata o amor sim, mas o amor perdido que acaba, de certa forma, por ultrapassar os limites físicos da humanidade. Fala-nos do amor perdido para a morte, do luto e do perdão, da irrevogável continuidade da vida. Numa escrita fluída, reflexiva e coerente, a autora transmite-nos uma ideia muito precisa das sensações vividas pelas personagens, sobretudo o protagonista, que ao fechar-se à vida, viveu duas décadas na ilusão e quando finalmente compreende o que perdeu, entrega-se a um luto tardio intenso, mas necessário. E é essa a principal noção que a narrativa nos transmite: que fazer o luto é um processo necessário, vivido conforme a pessoa, dure o tempo que durar. Quem já passou por situações semelhantes sabe que não é fácil, que se torna quase impossível aceitar a perda de alguém querido. Às vezes só precisamos de um empurrãozinho  para seguir em frente, nem que tenha de ser a própria vida a dá-lo!

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